terça-feira, 26 de outubro de 2010

Por detrás das "câmeras" ...

Do que quero falar hoje, tem sido discutido exaustivamente em Universidades, trabalhos científicos e etc, como pude constatar.
Existem "n" artigos e até livros sobre o assunto. Mas o que pude perceber como testemunha no convívio diário por meses nos corredores de um hospital, é que a realidade de muitos nada tem a ver com as teorias ou trabalhos práticos vindo de organizações e/ou governos.
Estamos em época de política, e para variar, ninguém ou uma minoria conhece as intenções de cada um desses que querem governar o país, porque a sujeira é tanta, que passam o tempo todo, se defendendo, e o pior, num horário nobre, nunca aproveitado em prol de alguma coisa útil para este país. E o que é mais pobre ainda, é perceber que na maioria das discussões políticas, poucos realmente conhecem o que estão dizendo.
Política neste país, infelizmente está a venda, e leva quem tem maior poder de compra. Mas se é um povo que faz a nação, com certeza, temos a nação que merecemos.

Gostaria muitissimo de ver tanta gente unida, verdadeiramente, pelos problemas que as pessoas enfrentam diariamente e que com um pouco de bom senso, poderiam amenizar.

Neste convivio de corredores de hospitais, acaba acontecendo, como um pedido de socorro mudo, uma solidariedade e uma intimidade que talvez seja, no momento o que mais os ajuda, tão somente isto, e muito de vez em quando uma conversa com a psicóloga.
Este universo, na maioria feminino padecem para se ajustarem as novas realidades que lhe são impostas, porque estas mulheres são filhas, mães, avós. Mães dos filhos ali em recuperaçao ou a espera de um doador, no caso de transplantes, ou de um milagre em outros casos, mas tambem são mães dos que ficaram em cidades distantes, e são esposas e são filhas de mães muitas vezes já em idade avançada e que também precisam de cuidados. É uma roda viva e de vidas, é preciso ter muita estrutura para não se sucumbir nesta roda.

Percebi que no início há uma solidariedade da família, dos maridos, sogros... que, com o decorrer do tempo vão se distanciando, pois passado o primeiro impacto, entre vida e morte, tudo tende a cair na rotina, as pessoas voltam o que lhe é normal, e o acompanhante do doente continua vivendo um dia de cada vez, no corredor de um hospital.
Estas pessoas geralmente encontram forças pra seguir em frente, na maioria das vezes, da própria vontade de vencer a doença, de vencer os obstaculos do momento. De ver a pessoa amada curada, voltar pra casa e restabelecer o convívio com a família.
Porém, muitas quando voltam já não possuem mais esta família, tudo está desestruturado, as finanças, o amor, as amizades, o emprego e por ai vai.
Há os que recomeçam felizes porque apesar de tudo, podem fazê-lo ao lado do que venceu a doença, mas outros tem que recomeçar do nada, inclusive do vazio infinito da perda. Como bem disse minha amiga de Natal/RN.
Mediante tantas separações de casais, quando mais deveriam estar unidos, pergunto-me o quanto as emoções podem interferir ou estar conectadas entre a mente e o corpo, porque as substâncias químicas que travam a guerra em corpos e também entre a razão e a emoção dão vazão a erros incompreensíveis em situações tão efêmeras.
Escrevo aqui no feminino, porque elas são a maioria, mas existe o contrário, homens que ficaram e mulheres que abandonaram. Porém neste universo, a mulher, a mãe é predominante, ela não abandona a cria, ela perde tudo, mas continua ali, incansável até quando precisarem delas.
Quem não conhece, e se não conhecem, deveriam, saber das lutas diárias das Mães de UTI, por exemplo, mulheres que estão anos vivendo em um hospital. E muitas delas e de muitas outras, como mães de filhos com deficiência, abandonadas pelo marido, como se eles não fossem pais.
As separações entre casais são tão somente entre os casais,ou deveriam, mas na maioria, separam dos filhos tambem. Graças a Deus, que pelo menos nisto, este índice é bem menor nos ultimos 10 anos.
Por outro lado é muito gratificante saber que ja existem bons exemplos espalhados pelo Brasil, como o que li recentemente: um hospital em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, humanizou o seu espaço, com desenhos cobrindo as paredes e brinquedos estão por toda a parte, inclusive com aquário, trazendo tranqüilidade aos que ali vivem, pos esta é a palavra, ali vivem, mãe e filho.
É preciso que haja em todos os estados iniciativas de humanização, que ocupem mais o horário nobre em prol de algum assunto que realmente seja nobre, e que mais insituições abracem estas mulheres e abracem também estes homens, e os ensine que o respeito a Deus e a família, devem estar em primeiro lugar. Tudo o mais pode esperar.
Que mais psicólogos, terapeutas ocupacionais, e etc, sejam contratados e andem, como todos, nos corredores ouvindo estas pessoas, elas precisam disto! É fortalecendo estas mulheres que elas terão mais energia para passarem para seus filhos.
Não tenham dúvida, o que está acontecendo por detrás dos consultórios médicos, merece uma atenção toda especial por parte dos nossos governantes.
E que mais instituições como o Instituto Abrace http://www.institutoabrace.org.br/ sejam criados neste pais.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Espelho da Alma

Hoje conversando sobre tristezas que podem ter invadido a vida de alguém que amamos, recordei de várias passagens da minha vida, que me entristeceram muito, mas que também ao mesmo tempo, hoje, percebo que me fizeram crescer muito tambem. Me lembrei também de um romance que li no hospital no início deste ano, um livro que estava naquele quarto e que não era meu, e comecei a folhear, era um romance que se intitula "Imagem no Espelho" de Danielle Steel, e outros, e outros e quando vi, aqui estava eu escrevendo o que me passava na alma:

Na maioria das vezes olhamos no espelho, para olhar nossos rostos, cabelos, maquiagem e umas outras infinidades de detalhes. É a ilusão, a vaidade que nos leva, diariamente a nos observar.
A maioria das pessoas continuam fazendo, simplesmente assim, ate o final dos seus dias. Nada contra. A ilusão e a vaidade fazem parte de nossas vidas e em muitos momentos nos ajuda a seguir em frente.

Porém chega um momento que é preciso dosar, repensar, pois o próprio conceito de ilusão já diz muito: A ilusão é uma confusão dos sentidos que provoca uma distorção da percepção. Já a vaidade, se existe um equilibrio entre o orgulho e a soberba, é menos destrutiva, porque na maioria das vezes é simplesmente o desejo de atrair a admiração ou o desejo do outro.
E tudo isso caminha bem até um certo ponto da vida. Afinal, temos que saber envelhecer, e isto acontece exatamente do momento em que nascemos. Por isso é tão importante vivermos todas as fases da vida que nossa idade oferece.
A nossa vaidade acaba por nos impedir de demonstrar, de externar nossos sentimentos e algumas ilusões no sentido de mudança pode nos trair ferozmente. Quantas vezes vi pessoas mudando toda a decoração de uma casa, todo o guardaroupa ou em casos que considero mais grave, regimes drásticos, na expectativa que suas vidas mudarão automaticamente, que todos os problemas serão resolvidos. Só que tudo isto, sozinhos, nada resolve, e aí pode vir o isolamento, a ausência do humano, e a alma se esfria, a vaidade envelhece, as ilusões se entristecem e assim se sentem perdidos, sozinhos a espera de um milagre.
Só que este milagre não virá do outro, neste caso ele só virá de nós mesmos. Ele está dentro de cada um de nós. É chegada a hora de olhar no espelho sim, só que no da nossa alma, de enxergar além da imagem que se vê, muitas vezes distorcida, é tentar ver o que o reflexo que sua vida causa em voce e no outro.
E se por um acaso nesta hora vc ainda ver uma ruguinha em seus olhos, use-a para compreender e amar.
Afinal o começo delas, e algumas protuberâncias a mais ou a menos, não fazem a menor diferença, isto significa apenas que voce tem vivido, que está viva e que teve saúde pra chegar ate este momento. E que a qualquer momento da sua vida, jovens ou velhos, você tem direito a escolhas e a recomeçar se for preciso. O recomeço pra ninguem é fácil, mas tudo começa com um simples passo, o seu, ninguém o dará por você. Pegue as rédeas de sua vida e segure firme. Creia em você e no altíssimo, e tudo será possível.


Hoje ouvi uma musica evangelica muito bonita, ela se chama Vaidade, a cantora é Heloisa, tem um pedacinho que diz assim:

O que eu preciso, os homens não podem dar
O que eu preciso, a prata não vai comprar
O que eu preciso, o mundo não pode dar
O que eu preciso, é habitar contigo, ó Deus!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Reencontro

A medida que o tempo passa, quando se está longe de casa, mais aperta a angustia e a vontade de rever as pessoas que amamos.
Hoje conversei via video com meus irmaos, minha mae e uma afilhada. E a medida que os via ia passando um filme na minha cabeça, suas vidas, seus medos, o mundo de cada um. E por mais que eu quizesse simplesmente deliciar com aquele momento, não conseguia somente vive-lo, queria tocá-los; e a lembrança de festas, as conversas jogadas fora, as risadas, ecoavam em minha cabeça como um sino que tilintava incessantemente, mas ao mesmo tempo tudo era leve como o orvalho do céu. Uma benção.
Quando desligamos, subitamente voltamos a realidade.
Mesmo que o nosso agora, também seja uma benção do céu, a ausência das pessoas amadas nos deixa frágeis, nos torna carentes, e tudo é pouco. Já não basta conversar, precisa tocar, precisa sentir.
Porem ja vivi esta experiência antes, e quando estamos sozinhos, inconscientemente vamos voltando pra dentro de nós mesmos, numa busca insensata do que nao se perdeu, porém achamos por vias aparentemente tortas, coisas novas dentro da gente, por exemplo a capacidade de reinventar, de redescobrir.
A primeira vez que experimentei tais sentimentos vi que a distância dos que amamos doi, machuca e foi, como hoje, igualmente insuportável.
Depois de algum tempo a saudade não flui no espaço, mas ela acalma e nesta mesma medida o coração e a mente voltam a pulsar compassadamente. Vc adquire novos hábitos, conhece novas pessoas e assim forma-se novos círculos de amizade e conhecimento. E vemos pouco a pouco a vida seguir o teu curso.
Nada parou, nada ficou estagnado, apesar de todas as dores.
Até que, ao revê-los, vc sente que o sangue explode em suas veias jorrando pelos seus poros, e o que estava adormecido, finalmente naquele abraço, se revela.

domingo, 10 de outubro de 2010

Momentos bucólicos

En alguns momentos de nossas vidas, a razão, a constatação manda que vc cante, louve e acima de tudo, agradeça muito! Tenho feito isso sim. Porém inevitavelmente nos pegamos a olhar o infinito numa melancolia sem fim. Isto acontece quando a tristeza invade a alma e por mais que a razão te arraste de volta ao que importa realmente, alguma coisa flui na direção oposta. E esta briga entre razão e emoção te desgasta de tal forma que se vc não tem um Deus presente a sua vida, onde suas portas estejam sempre abertas pra ELE, mesmo estando neste infinito perigoso, ou uma família que te embale, tudo fica obscuro e cinzento.
Porém como lutar contra este emaranhado de sentimentos quando vc se encontra num momento delicado, onde vc tem que manter uma atenção continuada em tudo que faz, mas sua alma (será a alma?) quer deslizar por ai, sem pensar, sem hora marcada. Hoje quando li o artigo da Irma Selma "A primavera toda numa flor" (http://rogeriorufino.blogspot.com/) ele me tocou muito e não soube o que escrever, porque de verdade, gostaria de deslizar numa caixa de papelao, gostaria muito, mas acho que a criança em mim ficou em um tempo que ja não me lembro mais. Chorei muito neste momento, porque esta criança tem que existir, mas acho que algumas pessoas nascem pra fazer o que tiver que fazer, não que as pessoas que sabem sonhar não façam, fazem e muito, talvez muito mais que outros, mas por algum motivo em determinado momento da vida isto se perdeu.
Fiz uma viagem pra dentro de mim mesma e percebi que eu permiti isto e em outras circunstancias não tive alternativa, a não ser, ser adulta em tempo integral. Percebi ainda que nossa vida depois de muitos anos vai se tornando um circulo vicioso, pois quando nascem os filhos, a gente deixa de existir um pouco e passa a viver mais em função deles do que pra nós mesmos. Mas me pergunto, se tivesse feito diferente, será que hj teria filhas centradas, encaminhadas e preparadas para o minimo da vida? Não sei. Onde seria o ponto de equilibrio desta missão? E nossos maridos, os homens de hoje ja estão preparados para o auxilio na jornada da mulher?
De qualquer forma, esta jornada sempre será maior, pois a mulher ve o corpo mudar, passa por varias dadivas de Deus só a elas concedidas, porém nem sempre compreendidas por todos.
Este é um assunto comum, aparentemente, porém sem solução, porque a vida tem que continuar. E haverá sempre quem saiba celebrar, porém para mim a celebração só acontece quando ha um conjunto em harmonia. Neste momento sinto que grito, mas não há eco, não ha socorro. Tudo isto é estúpido demais, seria inconfessável anos atras, hoje ja não me importo. Não sei se estou só nesse emaranhado de sensações ou se existem mais mulheres que por algum momento se sentem assim, de qualquer forma, escrevendo, sinto que meu grito é maior e talvez ao esvaziar os pulmões também consiga encontrar a paz, a harmonia e até aquela caixa de papelão para que eu deslize por ai.