sábado, 1 de outubro de 2011

Nuances em Nossas Mudanças


Desde maio de 2010, tenho observado muito,  tudo a minha volta. Revendo minhas fotos percebi quantos detalhes foram clicados, em frutas, flores, meus cachorros, minha família, a natureza, lindos arco-iris…

Pergunto-me hoje se já não seria um prenúncio de tantos acontecimentos que estavam por vir. O engraçado que não são momentos tristes e ou tempestades pessoais que mudamos, as transformações também acontecem no riso, na emoção de estar feliz…
Mudamos todos os dias um pouquinho, como se Deus estivesse nos dando a oportunidade de aprender a conduzir nosso livre arbítrio.
Mudanças nos obriga a crescer, nos desafia, principalmente a desmistificar ilusões a respeito de nós mesmos e dos outros. Seria este o princípio de uma consciência maior de tudo que nos cercam? Acho que sim, por isso a idade favorece as mudanças, porém antes da idade há o principal, que é a aceitação de todas as mudanças que somos obrigados a descamuflar de nós mesmos.
No princípio o que ocorre a nossa volta parece ameaçador, ficamos atônitos, como navegando por águas turbulentas. Mas se mudarmos o ângulo com que estamos encarando determinada situação, perceberemos que as perspectivas também mudam, e o bom de tudo isso, é que enquanto batalhamos para atingir “águas calmas” poderemos, quando quiser mudar o curso, a ótica, o ângulo.  E nesta luta de se encontrar vão ocorrendo as mudanças, e talvez esteja aqui o segredo, o de realmente aceitar todas elas, negativas ou positivas.
Nossas principais alterações ocorrem geralmente quando começamos a entrar em contato com o mundo, ou seja, fora do casulo familiar, na escola, nas primeiras festas, no namoro, profissão, casamento, mudança na vida profissional, casamento dos filhos, netos, morte de um ente querido e assim por diante, ou seja, ao longo de nossas vida somos forçados a mudar de etapas, de ciclos essenciais a continuação da própria vida.
E se não mudamos, ficamos para trás, ultrapassados, ou até mesmo rancorosos, tristes e deprimidos. Mudar não é só essencial é fundamental.
Talvez a estabilidade, o comodismo nos impeça de mudarmos na hora certa, mas para a maioria dos fatos, nunca é tarde, às vezes temos que ouvir aquela voz que vem de dentro dizendo, mude! mude!!; toda transformação deve ocorrer de dentro para fora. Devemos quebrar rotinas e olhar novos horizontes. Somos, a princípio e  abaixo de Deus, o desbravador de nossos caminhos. Mudar por necessidade pode ser muito mais dramático do que por “querer”, “fazer acontecer”.
Nós mulheres, mais que os homens passamos por transformações bem maiores que as masculinas, e ainda assim somos consideradas sexo frágil. Nunca concordei com isto, pois a mulher bem cedo tem que encarar uma transformação hormonal, assim como os homens, porém com dor, sangue… Quem não se lembra da primeira menstruação  e de tudo que acontece junto com ela? – inchaço das mamas, retenção de água no corpo, alterações de humor, a famosa TPM, e quantas piadinhas somos obrigadas a ouvir a respeito do tema?
Mudamos, queiramos ou não, todos os dias um pouquinho, passamos pela puberdade, gravidez, adolescência  dos filhos, onde vemos o ciclo de nós mesmos se repetindo, gravidez, menopausa, que fatalmente ocorre quando já não somos mais jovens, trazendo em nosso corpo o cansaço do físico e muitas vezes do psicológico por casamentos desfeitos, por decepções inimagináveis, enfim, neste vendaval maravilhoso chamado vida, onde a brisa soprou mais que os ventos do norte, é o nosso poder que muitas vezes, é limitado, ao contrário do nosso querer que uma vez liberado de dentro de nós, do nosso âmago, renasce, regurgita vida, mesmo que a princípio nos destroça, mas que ao tempo cabe a purificação, o perdão, a transformação.
E se não bastasse tudo deste mar vivido ou a viver, temos que superar, aprender e conviver com uma revolução extraordinária da tecnologia que amamos e odiamos dependendo do grau  de envolvimento, mas que no entanto não nos vemos mais sem eles, são as mudanças dos novos tempos, é como sair da casa da bisavó direto para a casa do seu neto, perceberemos diferenças até na linguagem. Estamos presenciando uma revolução, é uma nova comunidade. E o não acompanhamento destas mudanças derruba empresas, administradores, é como se todos no mundo atual estivessem além das paredes de concreto todo o instante, é a era da tecnologia da informação. Não existe mais barreiras geográficas. É a era da informação.
Mas até onde podemos  deixar influenciar por tudo isto? Será que estamos preparados para tirar vantagem positiva de tudo isto? Não sei, mas com toda certeza será mais uma mudança com a qual deveremos conviver. É a renovação constante! Porém me preocupa a ausência do simples, de uma vara de pescar, da proximidade do humano, do conviver das famílias.
A Internet acelera toda a informação, não há duvidas quanto a isso, mas os abraços, um roçar de dedos, um vento no cabelo… O simples da vida nos faz humanos, os bits acelera a informação mas não o contato …
Bem, algumas mudanças sem sombra de dúvidas ainda terão que ser melhor processadas dentro de mim. Talvez eu ainda seja muito átomo! Ou talvez na visão do ângulo em que me encontro eu apenas  esteja vendo o sofrimento das águias que por volta dos 50 anos de idade, que precisam de um tempo para transformar. Elas sobem ao alto das montanhas e num sofrimento extremo, arrancam suas penas, seu próprio bico, unhas num processo obstinado de sobrevivência, e só quando estão prontas, após meses, descem  para recomeçar.
Se assim for, haverá outros ângulos para que tudo aconteça mais rápido, afinal, estamos na era digital, que infelizmente  não chegará até nossa águia, mas que em compensação, como ela  poderemos  voar e seguir o curso de nossas vidas.
Enfim, tenho certeza de uma coisa, escrever é ótimo
Se sofremos tantas decepções, no curso de nossas vidas com trabalho, amigos etc., recebemos também em contra partida a felicidade de  uma vida plena, de alegrias incontidas no sorriso dos filhos, no afeto da família, de uma boa música, de ter e poder ver  em cada rosto amado o gesto certo da confiança em si mesmos, da continuidade da vida, que é a esperança que move cada pedacinho de todos nós.

 Se no momento travo uma luta constante em ângulos e óticas diferentes,  tenho a consciência que se eu não aceitar todas as mudanças e com elas me atualizar, de nada terá valido ter esta consciência, é preciso que trabalhe, que transforme minhas mudanças como num processo de transmutação de lagarta,  inseto alado, como no caso das borboletas.  Este é o início de minha metamorfose! E em todo este processo, contínuo, humano, sigo em frente, completa e fiel a valores que me foram ensinados e dos quais tive a felicidade de não desviar. Por tudo isso continuo e farei sempre a apologia da família, ela é a nossa base, nosso esteio, é a nossa coragem, nossa força.  Não importa os erros de todas as famílias, pois tenho certeza, tentaram, importam os acertos e assim seguimos em nossas mais diferentes nuances do legado chamado Vida, da qual  faz parte nossas mudanças, nossas transformações. A toda minha família, à  paciência deles, principalmente marido e filhos, o meu muito obrigado por fazerem parte de tudo isso. E agora, que vocês três, filhas amadas já tem suas próprias famílias, retomo,  uma vida a dois.  Eh!!! acreditem! Uma vida a dois! ou a oito?!


Beijos



Depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro.

(Caio Fernando Abreu)


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Canções Faladas

Existem incontáveis canções que podem ser absorvidas em determinados momentos como um néctar precioso, mas poucas vezes ouve-se alguém falar com a mesma preciosidade de uma música, que nos transporta, que nos obriga a pensar, e até mudar! 


Já experimentei esta sensação em mais de uma vez, mas o que não tinha observado é que todas as vezes foi ouvindo sobre a palavra de Deus. Poderíamos pensar que nosso emocional procurou e assim foi fácil nos convencer, mas não desta vez, fui a casa de Deus como sempre faço, porque gosto, e ouvi um belo sermão_palestra_canção. 

Pra muitos é tão somente falado o óbvio, porém não vejo assim, e mesmo se assim fosse, todos nós precisamos ouvir “este óbvio” para reforçar nossas convicções e para nos lembrar de nossos deveres e obrigações para uns com os outros. 

No início uma frase: “O silêncio é uma prece”, o que me faz pensar até este momento tão longe, como e porque pode ir esta frase... 

Tratou-se de como conhecer a si mesmo, e assim comparou-se a construção de uma casa, traçando sempre um paralelo com a reconstrução do nosso corpo, da nossa alma, da nossa vida. Se estamos diante de paredes levantadas é porque traçou-se antes projetos, e senão gostamos, reformamos.

O que hoje fizemos de bom ou ruim? Este conflito nos faz crescer. Muitas vezes temos medo de construir um novo ser, porém se assim for, que vençamos este medo, transpondo este obstáculo, já será o primeiro passo para nossa reforma.

Quantas vezes fazemos alguma coisa da qual arrependemos depois e para consertar, mentimos, acusamos, ou seja fazemos um puxadinho, aumentamos nossa varanda, se o certo seria assumir e reconstruir, para isto existem as cordialidades, o humano em pedir desculpas, por exemplo. 

“Somos seres em eterna construção” 

Dentre outros paralelos traçados entre a casa física e a do corpo, algumas pergunta foram deixadas no ar, como: 

1) Elogio falso ou crítica construtiva 

2) Humildade sincera ou por interesse de momento 

3) Orgulho ferido, até que ponto ele interfere em sua vida? 

4) Egoísmo, quantos por cento ele é forte em você? 

5) Seu pensamento te faz mover imediatamente? Quando e porque? 

6) Já experimentou fazer um inventário moral de si mesmo? 

7) Já se avaliou? Sempre, nunca, às vezes... 

8) Troca de lugar com o outro antes de emitir uma opinião? 

9) Dominação de instinto, grau de emoção, excessos, reação a palavras desagradáveis, vaidoso, raivoso, ciumento, rancoroso... 

Meus amigos estes e outros tantos questionamentos nos foram feitos de uma tal forma que foi impossível não dar a resposta, mesmo que intimamente. Sinceramente não gostei da pessoa que sou, e percebi que preciso de uma reforma urgente. Meus atos e ações devem convergir em contribuição para o bem. Preciso refletir antes de agir. Minha casa tem vazamento, preciso consertar meu telhado. 

“Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” 

Há de se pensar e entender este versículo, eu mesma nunca tinha entendido, porém hoje digo que o entendi; poderia dissertar sobre o que ouvi, mas posso dizer que conclui que esta espada traz a paz, o entendimento, há deveres que tem precedência sobre outros. 

Não há como consertar a casa do outro, não pelo menos antes de fazer em sua própria. 

Compartilho com vocês este momento importante com vocês. Sei que não é milagre a reconstrução, mas tenho consciência que é um exercício diário. 

O nome do palestrante é Carlos, tão somente assim, sem sobrenome, acho que até aqui houve uma lição: não importa quem seja se absorvermos o que foi dito. 


Lembrei-me da Irmã Selma, que apesar de conviver com a dor da doença por tanto tempo, continuou firme em sua fé, e mesmo hoje em que seu ente querido já esteja junto com Jesus, continua animando o espírito dos menos iluminados. Tive a nítida sensação que este palestrante também é assim, um ser humano que na luta do exercício diário, mereceu sempre no final da noite um ÓTIMO no caderno da vida.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Bullyng às Avessas



Tenho ouvido falar tanto esta palavra que sinceramente acho que passou de assunto sério para especulação jornalística.

O bullyng que teoricamente seria o prazer de humilhar, não pode ser olhado pura e simplesmente por este lado. Há tantos fatores que influenciam esta situação que esta discussão teria que ser ampla, em todos os níveis.

 Há como segurar tal situação antes que se chegue a destruir? Na maioria das vezes acho que sim.

Há todo um idealismo em tudo que família, escola, religião e governo fazem. E não temos controle sobre estes pilares, mas há de se tentar que cada um faça sua parte, mesmo conhecendo e convivendo com todas as diferenças sociais, maldade, hipocrisia, preconceitos, etc.
 Tudo isto contribui na nossa fragilidade, na destruição da auto-estima. E uma vez silenciando,  ou não  sendo policiados por quem é o responsável, por quem de direito tem que fazer este papel, cria-se ou vai se criando pelos oprimidos uma indiferença, hostilidade com o mundo que os cercam e  pelo opressor o prazer de continuar fazendo.

Nesse acordo silencioso entre o que faz e não sabe por que faz, e o que aceita e não sabe por que aceita é que vai se criando a auto depreciação por parte do que aceita e a repetição do ato porque quem o pratica.  Tudo se inicia assim.
Agora porque houve este acordo inconsciente, é onde mora todas as questões. É a base. Não adianta esperar chegar a casos extremos e assim divulgá-los, que de nada vai adiantar. É preciso mexer nas estruturas, na base.

Na base familiar existem muitos bullyngs que são ou não aceitos, que são ou não encarados como sérios, o que na verdade, todos os atos, tarde ou cedo podem contribuir para agressores e agredidos.
O fato de pais não preparados para sê-lo ou cansados demais pelas diversidades da vida, desistir da educação de seus progenitores, é um grande problema. Digo e repito sempre que a maioria, não todos, dos problemas nasceu no seio familiar. Um pai que diz ao filho ou aos outros, dos filhos,  frase como: há! Aquele não vai dar em nada não, cansei!, ou maridos ou esposas que diminuem um ao outro constantemente numa batalha de poder dentro do seio familiar, estão provocando não só o desentendimento do casal mas abalando toda a estrutura da família, principalmente dos filhos.
Na observação, no estar atento a seus filhos, é que se descobre probabilidade de problemas: - filhos que ficam trancados no quarto, crianças que não conseguem viver em grupos nas brincadeiras,  esta sempre arredio, calado... – tem algum problema – criança é igual em todo mundo. Criança faz arte, corre, ri, tem amigos... E o ouro lado, por exemplo, mães que colocam em seus filhos toda a esperança que eles façam tudo aquilo que não conseguiu fazer ou ainda que sonhassem em ter uma filha modelo, mas a vida lhe trouxe uma baixinha, e falam isto sem parar na cabeça da criança... São tantos os exemplos, que seria impossível, e eu nem saberia descrever todos.

Infelizmente todos nós fizemos ou faremos um pouquinho disso com nossas famílias. Mas se temos consciência, que os filhos nos são dados por Deus e são esperados com muito amor, esperança e sonhos por todos nós. Temos também de estar cientes que eles vieram para que nos o eduquemos, e que nunca vêem perfeitos. Temos responsabilidades e deveres para com eles, sejam eles homo ou bissexuais, canhotos ou destros, dotados ou não de inteligência, obesos ou magros, doentes ou não e assim por diante, não importa, o que importa é que não os rotulemos, pois geralmente estes rótulos começam na família, se estende na escola, nos amigos e aí depois disso, só a notícia da mídia,  que especula o ibope, mas esta mesma mídia poderia e tem o dever de entrevistar o outro lado da moeda, talvez profissionais que pudessem indicar um caminho, um início de se combater o mal que gerou a notícia.

Pessoas que não aprenderam a elogiar, a agradecer, a pedir por favor, a temer a Deus, amar o próximo e etc, não saberão passar esta corrente adiante.
Os bullyngs familiares e sociais poderiam ser praticamente abolidos facilmente se famílias soubessem o verdadeiro sentido da palavra, se escolas tivessem condições de mais tempo com seus alunos, estão na maioria das vezes mais preocupados em cumprir a carga horária pré-estabelecidada do que com a capacidade destes alunos de absorverem tudo que lhes é apresentado. Por outro lado, no nosso país, os professores do primeiro grau são mau remunerados demais, na verdade isso não seria um bullyng por parte dos governos que os pagam?  Professores que estudaram, que na maioria tem mestrado inclusive, e não consegue sobreviver com o que ganham? E se são estes professores do primeiro grau, os responsáveis, juntamente com a família, a igreja e o governo, por tornarem estas crianças os cidadãos do amanha?
Fico indignada em ler sobre este bendito bullyng todos os dias, mostram sempre o sangue, mas nunca a ferida, e nada fazem  para contribuir,  para combater o mal na raiz.

Porém, infelizmente parece não ser este o ideal da notícia, sem ibope, sem grana. Mas nos podemos mudar o canal, afinal o controle remoto somos nós quem o operamos certo?

Quanto ao bullyng (parece que o Brasil nunca terá linguagem própria) ele não deixará de existir até que os pilares que fazem o homem do amanhã não se derem as mãos e juntarem as forças.






sábado, 30 de julho de 2011

PRECONCEITOS




Nossos pensamentos não se explicam por si só. É um emaranhado de sensações e sentimentos que se misturam e assim atropelam-se, e por mais que tentemos parar, na maioria das vezes não nos obedece, é como se estes pensamentos estivessem entrelaçados,  às vezes nos dando prazer, e em outras  repulsa e outros milhares de sentimentos e sensações indescritíveis.

As muitas diferenças ou as diversas formas que em tudo em nossa volta possa ser encarado, depende de uma série de fatores, mas a verdade, acredito, é que em todos os tempos não há diferenças essenciais no que aprendemos ou no que vivenciamos, mudam os tempos, as palavras, mas o conteúdo é sempre o mesmo. É na nossa essência  que encontramos o essencial. A maneira de explicar pode mudar, mas como exemplo, posso dizer que nossa fé e nossa moralidade é sempre estabelecida por aquilo que absorvemos de bom ou ruim, porém nosso Deus sempre é um só, e se O amamos sobre todas as coisas, e aceitamos que somos filhos de um Deus fiel, também saberemos que somos todos irmãos, e para praticar, vivenciar este amor, temos que observar as lições de Deus e lutar com todas as forças, com fé, em perdoar, amar, doar, independente de quem seja o outro.
Isto é fácil? Claro que não, é um exercício de fé. Porém se não praticamos estes exercícios nos perderemos, e se for difícil com Deus, será impossível sem Ele!

Sinto que talvez more aqui, o início de todos os tipos de preconceitos, a dificuldade que enfrentamos para respeitar e amar com sensatez nosso próximo. É muito fácil entender nossos filhos, aceitá-los, mas se o filho é do outro, muda todo o contexto. É realmente difícil estabelecer um limite aos preconceitos existentes.
Ouvi em um sermão missal uma certa vez sobre preconceitos benéficos e maléficos, entrando todo um estilo comportamental e histórico embutidos em nossas vidas através das religiões, famílias e governos. Infelizmente não me lembro de tudo, mas serviu em minha vida como uma luz para que eu entendesse melhor esta questão.

Não podemos acabar com o preconceito a força, devemos sempre não rejeitar o normal e saudável e evitar desta forma a falsidade, o desrespeito, tendo coragem de repreender o que for necessário, com amor e compreensão, pois o preconceito nada mais é que uma idéia pré-concebida, é o que foge dos “padrões” normais. Porém estes padrões foram estabelecidos por quem? E porque? Delongaria demais o assunto aqui se discutíssemos a este âmbito aqui e agora. Mas vale pensar! O que importa mesmo é que cada um, apesar dos padrões que julgarem corretos, aceite que somos irmãos sim, e quanto mais tarde aceitarmos esta realidade, mais difícil será nossa convivência, seja na escola, trabalho ou familiar.

E no decorrer deste texto,  tive curiosidade em saber qual o mais comum entre nós hoje, 2011, e para minha surpresa é o sexual. Mas a lista de preconceitos existentes é enorme, e os quatro primeiros  são: sexismos, racial, homofobia e social.  Eu incluiria também nos dias de hoje o machismos e feminismos. Esta luta entre homens e mulheres já alcança patamares que prejudicam relações em todos os níveis. Somos apenas seres humanos dotados de particularidades diferentes mas que juntos e de mãos dadas poderemos caminhar a um bem e objetivo comuns.

Olhando para minha filha aqui e agora por alguns instantes, lembrei-me e reportando do sermão ao qual disse no inicio que um preconceito benéfico seria por exemplo o que o corpo humano faz através dos anticorpos defendendo dos vírus e bactérias nocivos. Em tudo vemos a fidelidade de Deus, até no que é aparentemente  preconceito, há luz, há esperança, há vida.

Porque não olhar pra Deus sempre e deixar de lado tudo que for pré concebido e  exercer sempre que somos todos iguais, com erros, acertos, qualidades, defeitos e que temos todos, o dever de dar a mão e mostrar um outro caminho se necessário, e o mais importante, aceitar que nos mostre também.

domingo, 3 de julho de 2011

Mistérios da Alma Humana

Ultimamente tenho que viajar sempre,  e de avião, e todas as vezes sou obrigada a controlar um medo enorme, e como que tentando disfarçar meu próprio medo tento pensar em outras paisagens, outros mundos e sempre acabo tentando entender o ser humano. Nesta viagem deste final de semana, já saindo de São Paulo para Uberlândia, resolvi colocar no papel o meu "desvio temporário do medo de voar":

- Às vezes imagino a vida como uma área de lazer,  onde a maioria das pessoas conhecem detalhes da piscina, mas não viu a margarida nova que floriu ou a erva daninha que poderá  matá-la. E assim somos, não exploramos a nós mesmos e nem a nossa volta.
Nos ateamos sempre mais ao que nos agrada não nos preocupamos a conhecer nós mesmos, não nos exploramos, não nos experimentamos.
E assim inconscientemente aguardamos os impactos da vida para que mudanças sejam concretizadas. Precisamos perder para ver melhor. Muitas vezes infelizmente é preciso um funeral para que comecemos a viver.
A vida é uma universidade mas assim como a própria muitos saem dela tão vazios quanto entraram, outros deram valor a oportunidade. Particularmente tento transformar meus erros em aprendizados, novas oportunidades e os erros dos outros em observação útil e generosa.
Nesta viagem necessária para dentro de nós, penso que a maior conquista seria descobrir  nossas emoções e aprender a lidar com ela, este processo para mim ainda é um enorme problema, mas aos poucos aprendemos como os pilotos a manejarem as turbulências. Alias podemos aprender aqui um pouco com a aviação. Muitas vezes os problemas não foram os obstáculos encontrados, mas a escolha da rota.
Saber reconhecer onde um caminho vai dar é essencial no fator "evitar problema", assim como conquistar o respeito, o amor, a generosidade, sem ter que pagar por isso. Algumas coisas o dinheiro não compra mesmo! Qualquer homem pode dirigir uma nação, mas nem todos vencem o desafio, o mistério maior que é governar a si mesmo!


"Todos vivemos sobre o mesmo céu, mas ninguém tem o mesmo horizonte!" (Konrad Adenauer)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O transplantado, a máscara e o guarda-chuva

Ja tive muitas dúvidas em escrever ou não sobre este assunto. Mas cada dia que passa sinto que preciso dizer, mesmo consciente que não atinjo um grande público, penso que se conscientizar uma pessoa já terá valido a pena.
Assusta-me ainda e muito, a reação das pessoas ao passarem por outras e sem nada saber do outro, fazer algum comentário ou esboçar algum olhar interrogativo. 
Porque precisamos apanhar para aprender, porque sofrer para entender, porque é tão difícil aceitar o outro, se este outro não é nossa imagem, ou se nao correspondem às nossas expectativas.
É comodo pensar, que tudo faz parte da vida, e assim continuar a vida aceitando tudo a nossa volta. Não podemos sair por aí brigando e querendo ser a escola do mundo, principalmente porque ninguém é diferente, alguns são mais educados, disfarçam melhor.
Poderia ficar aqui, por várias linhas, procurando explicações na história da humanidade, ou na velha discussão família/escola/religião/meio e etc, mas hoje não me atearei a isso. Só queria que você que me lê neste momento pense no assunto: o outro, aquele que passa ao teu lado, não importa como esteja, não importa como veste ou como anda, não importa o que carrega ou como carrega nas mãos, aquele outro é só um ser humano que se usa um guarda-chuva ou uma máscara é porque se fez necessário... E assim várias outras situações. Agora meu irmão em Deus, se você ver alguém sem um chinelo num asfalto quente, não só olhe mas batalhe um por ele ou junto com ele.
E se você quer mesmo saber sobre transplantes, máscaras e guarda-chuvas, comece indo a um hemocentro e doe um pouquinho do seu sangue para com toda certeza salvar alguém...comece aqui ou comece melhorando a sua vida da melhor forma possível sendo o que Deus espera de nós...

sábado, 7 de maio de 2011

Valores Humanos

Não somos perfeitos, estamos passíveis a cometer erros a qualquer momento, ou até mesmo em repetí-los.
Na caminhada da vida, vamos nos educando, moldando nossos hábitos, costumes e uma série de outros fatores preponderantes e também predominantes, baseados quase sempre na educação que recebemos, do meio, dos livros que leu e tantos outros, porém alguns valores são imprescindíveis a qualquer homem de bem; se não os tem, é melhor buscá-los, tipo: lealdade, dignidade, honestidade, humildade e perseverança.

A lealdade é muitas vezes confundida com fidelidade, e pela minha ótica, não são, tem conotações diferentes, pode até ser que a linha entre elas seja tênue em alguns casos e em outros fortes demais para serem confundidos. A fidelidade traz consigo um apelo sexual inserido. A fidelidade diz respeito em 99% dos casos aos relacionamentos, a lealdade é um sentimento maior e mais individual. A lealdade transcende uma simples traição física, por exemplo, que seria a sexual; trata-se de traição moral, em todos os âmbitos e paradigmas, quebrar uma lealdade, é a quebra total de uma confiança pré-estabelecida e/ou conquistada e a demonstração pública da  ausência do caráter, ela não se baseia unicamente em características culturais comuns, mas está relacionada a princípios universais. 
Sinceramente, classifico o ser humano em lixo humano, quando existe por anos e anos uma lealdade quase implícita e ela é quebrada. A quebra da lealdade machuca  mais que a traição física. Quem já viveu experiência semelhante, entende perfeitamente a diferença entre lealdade e fidelidade. Imagina ser traída por um amigo de décadas, imagina ser traído pelo funcionário padrão, o exemplo, e assim sucessivamente. Porém, sabemos que podem existir as duas ao mesmo tempo.
E é neste ponto, ou neste pensamento, que tudo em que acredito, vem por terra: o homem é realmente produto do meio, da criação que obteve da família? ou ele nasce pronto. Conheço lixos humanos em que a família é digna e honrada. Como explicar todas as teorias que aprendi, vivências... é tudo muito louco, por isso digo sempre a mim mesma: a melhor forma de viver é um dia de cada vez, aprendendo, reaprendendo, sempre, dizer eu errei, é digno, é humano. Não são somente as escolas e os livros que nos preparam, mas lições da vida, é na observação do humano, que aprendemos a ser humanos.
Kant nos diz que o ser humano é um valor absoluto, fim em si mesmo, porque dotado de razão, sua autonomia racional, é a raiz de sua dignidade, pois é ela que faz do homem um fim em si mesmo.
Nesta vida temos que ser muito perseverantes, pois se assim formos teremos a virtude que contribui para o êxito na vida humana. É tudo um longo exercício da virtude.
Sobre honestidade, Seneca nos diz em uma simples frase o que precisamos saber: "O homem honesto não será desviado do que é digno por coisa nenhuma". Não há o que acrescentar. Assim como a humildade, que sem ela não chegaremos a lugar algum. Ser humilde não é humilhar-se, e Santo Agostinho disse "Simular humildade é ser soberbo."  Então sejamos humildes mesmo!!!! Sem rodeios.

Porém tenho que acreditar que o amor tem que ser a base de tudo, e se esta base é sólida vem a amizade, o respeito ao próximo e às diferenças.
Não podemos esquecer também que é no trabalho que a gente encontra, mais que no dinheiro para sobreviver, a valorização do ser humano e de sua auto estima.
Há poucos dias, voltando de Curitiba, li naquelas revistas de bordo algo muito interessante, que é mais ou menos assim:  temos dois grandes centros dentro de nós, o da compaixão e o tóxico, que a todo instante temos que fazer escolhas entre o bem e o mal e que temos que estar sempre atentos a estas escolhas e afastar o perigo da escolha errada. Acionemos então sempre a compaixão em tudo que vivemos. Mas independente do centro que você autorizou a escolha, tiremos sempre lições para a vida e assim quem sabe, façamos cada dia a mais, escolhas certas.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Da Folia às Cinzas




No carnaval como na vida, tudo pode começar como uma folia e terminar em cinzas, ou como Fênix, renascer delas.

Nossa vida ou a continuação dela depende de tantos fatores, que é impossível dissertar todos num único lugar, mas é possível realizar conjecturas sobre os pontos que mais nos influenciam.

O berço: nem todos nasceram em um esplendido berço, mas uma boa parte deles, com certeza acabarão por criar seus filhos em um.

É na infância que tudo começa, o pulso medido, aquele que tem a consciência que a mão que afaga é mesma mão que educa, que de sua boca pode sair a benção ou a desgraça de quem ouve, e a cultura natural que instigada, assessorada, através de exemplos diários, com toda certeza este ser, passará da infância a puberdade com maior equilíbrio e direcionamento do que aqueles que não tiveram a mesma sorte. E esta sorte ela não depende do dinheiro ou do lugar que se vive, mas das opções que permitimos ou oferecemos. Uma família pode optar por ser marionete de um controle remoto ou ouvir e contar estórias e assim por diante, ou seja, dentro das infinidades de escolhas que podemos ter, fazer a melhor escolha dentro das próprias limitações que os adultos carregam por toda uma existência.

A partir deste estágio já não estamos sós, o outro, seja na forma de escola, igreja, clubes, amiguinhos e etc., já dizem por nós, boa parte de como queremos ser. Não existe a menor possibilidade de discutir, impor que estas crianças estão erradas ou certas. É época dos porquês: porque querem ser como o outro, porque querem uma determinada roupa e por aí vai. Bem, se querem, e neste universo tão pequeno ainda, que é tudo que eles tem no momento, é de suma importância que a eles sejam mostrados porque não precisam ser como eles, ou que não precisam de um boné se assim não quererem, é hora de explicar o porque que devem ou não, dos direitos e deveres daquele pequeno mundo. Se permitirem tudo, acharão que podem tudo, se o contrário, começará traumas que poderiam ser evitados e assim haja jogo de cintura.

Logo depois, na adolescência, percebemos que a “jinga da cintura” nem realmente tinha começado e que talvez a usaremos por toda nossa vida. É a fase da rebeldia, parece ser nata ao ser humano, talvez até inconscientemente todos saibamos como fazer ou contornar, mas que também somos conscientes que como uma ponte sem grandes alicerces, temos que atravessa-la e testar, talvez pela primeira vez, se usamos o cimento na mistura certa. É a descoberta dos efeitos homem e mulher. Descobre-se o prazer pelo desconhecido, pelo sexo oposto ou não. É preciso que os educadores também se soltem de suas próprias amarras e que educando, também se eduquem. É aqui para mim o ápice de glória ou a derrota de toda uma vida.

Então, começamos a viver e nos sentimos donos do mundo e pensamos ter preparado e estar preparados para seguir em frente.

Ainda sonhamos com as amizades perfeitas, com a família com elos indissolúveis, com uma carreira gloriosa, ou ainda como a maioria que vive neste país, já sonhando com o salário do final do mês para cobrir algumas prestações, necessárias ou não, ou ainda vendo seus sonhos indo literalmente pelo “ralo” nas filas do SUS, com bebes nascidos, talvez, não do amor, mas da falta de conscientização de uma camisinha ou de um anticoncepcional , ou ainda em pior situação, já acometidos pela AIDS, HPV, alcoolismo, e/ou diversas drogas que não estão há muito tempo no “submundo” mas nas nossas casas, em nossos vizinhos...

A irresponsabilidade perante a vida, é culpa coletiva: da família, da escola, da igreja, do governo e sem dúvida, depois de certo tempo, que varia de individuo para individuo, de nós mesmos.

É muito comum tomarmos conhecimento de casais que depois de algum tempo, ou não, fazerem um exame de HIV e se libertarem da camisinha, quão ignorantes e mal informados ainda somos, o HPV, por exemplo, cresce no Brasil em ritmo assustador...

Bem, nesta seqüência já estamos deitados literalmente, não no berço, mas na cama que fizemos para nós mesmos.

E dependendo do “casa e descasa”, de ter ou não emprego, do sucesso ou não do filho, se fomos ou não acometidos por doenças, e milhões de outras possibilidades, em qualquer escala, seja ascendente ou descendente, conheceremos nossa saga, descobriremos mundos nunca antes visitado, o mundo da consciência, da solidariedade, da revolta, agora pior que a da adolescência que é a “revolta madura”, do ódio, do arrependimento... é a psicose que se instala, e em alguns momentos destes, para a maioria dos pobres mortais, o quanto mais cedo decidir sua trilha, melhor será, e por mais estreita que seja ela, comece desarmando, no seu tempo, e no seu espaço de todas as coisas ruins. Faça como Joãozinho e Maria, volte a infância, transforme suas dores em pequenas fatias, não para distribuí-las, mas enterrando-as, e em contra partida distribua o amor, um sorriso e não importe o tempo, siga a trilha, acredito mesmo, que se assim tivermos alicerçados encontraremos a luz, clara, definida, num reencontro no horizonte, pode ser que não seja o horizonte sonhado, mas será um horizonte, é a oportunidade criada, é o renascimento, é Fênix.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Transplante e a fragilidade das mães

Sempre é muito difícil tratar de temas dos quais não queremos mais escrever. Porém, quando assumimos, até sem ser intencional, não podemos parar, por respeito a pessoas que estão começando a passar por experiencias que ja vivenciamos. Apesar que jamais elas se coincidam, elas podem ser similares, e se podemos de alguma forma ajudar, no menor dos temas, porque não fazê-lo. Às vezes é preciso se despir de preconceitos, orgulhos, egocentrismos e etc, e se dar as mãos. É o que faço agora com uma mãe de 36 anos, matogrossense, com um filho de 12 anos que passará por um transplante nos próximos dias.

Senti que todos os temores que esta mulher vive hoje, já vivi, e como prometi, aqui está para você e para tantas outras um relato de nossa fragilidade perante a dor e aos temores femininos que nos envolvem. Temores que não falamos com nossos filhos e nem com nossos familiares, mas que enraizam em nossa mente, cedendo lugar ao de mais urgente no momento.

A estória de minha filha já contei em outras postagens, varias vivências familiares, estão ou no Blog da própria, do meu, ou do meu marido.

Aqui contarei resumidamente os ultimos quatro anos que se antecederam ao transplante.  Em abril de 2006  a hemoglobina(Hg) estava a 5.6g/dl e plaquetas 32.000. Em novembro deste mesmo ano Hg 4.9 e plaquetas 39.000. No ano seguinte 2007, estes valores ficaram em torno de 4.2 e 23.000 respetivamente. Com a baixa significativa das plaquetas em 2007, eu que ja vivia emocionalmente, quase em tempo integral para o que podia acontecer,  o medo começou a tomar conta de mim, e assim fui me isolando com meus medos e ate com a minha falta de fé no futuro. Poucas pessoas notaram este isolamento. Fiz crochet como nunca. Para ser sincera, nos anos de 2007 a 2010 deixei pronto 3 enxovais em bicos de toalhas e etc. Esta talvez tenha sido a forma que encontrei para não pensar nos problemas. E não tornar a mais chata das pessoas, quando nao consegue conversar  outro assunto. E confesso que nem assim, tive exito.
E em 19 de março de 2008 ela tomou sua primeira bolsa de sangue, que começou de tres em tres meses, em 2009  mensalmente e em 08 de Julho 2010, realizou-se o transplante.
Então o que posso dizer a voce ou a outras que estejam lendo este relato. Acho que fiz tudo errado. Tenho outras duas filhas, um marido e toda uma familia de irmãos, cunhados e etc, a minha volta. Eu os deixei de lado, mesmo inconscientemente, deixei. Por outro lado, minha filha, teve e  tem meu apoio integral, e o fato de ve-la totalmente curada, com fé no futuro, linda, corada, talvez eu fizesse tudo igualmente, de novo.
É muito difícil dizer o que fazer, ou como fazer, porque não ha certo ou errado, nestas situações, o coração fala mais alto, então te digo que ouça seu coração, e deixe o que pode ou não acontecer pra quando acontecer e se acontecer. Sofri demais por antecipação, não valeu a pena.

Foi durante o transplante que descobri que se eu não vivesse um dia de cada vez, não daria conta. Outros problemas podem surgir, e aí está mais uma razão para que sua vida comece e termine num unico dia. No outro, comece com um bom banho,  e apesar de amigos nem sempre serem verdadeiros, não deixe de ouvi-los, não deixe de conversar com outras mães, de trocar experiencias. Uma coisa te falo com toda certeza, isolar não é o remédio. Se precisar de um dia com voce mesma, o faça, mas não faça disto o seu dia a dia.

Não sou a pessoa indicada para dar receitas, mas para quem vive nestes corredores, há de se ter fé, de procurar ajuda mútua. Estes primeiros quarenta dias são cruciais para todo o processo. É preciso foco, em muitas vezes, coragem, em outras, de muita fé. Pois mesmo quando tudo da certo, como, graças a Deus é o nosso caso, voce acaba sofrendo por tabela, por outras maes, por outros filhos. E se necessário ajuda médica, procure, há profissionais brilhantes neste meio. Este quarto e decimo quinto andares deste hospital (Hospital de Clínicas da UFPr) são abençoados. Existe muita dor, mas tambem muita alegria.

Posso ainda te dizer que tudo realmente passa, e aí voce olha para tras e vê que seu fardo foi leve como pluma, que seus temores foram em vâo e ainda descobre que no meio de todo este turbilhão, Deus ainda te mostra a verdadeira face dos que te abraçam. Então, não se desanime nunca, comece este processo, desde já com uma fé inexorável, deixe Jesus caminhar a sua frente. Não duvide, não desanime. Confie e lembre-se, não é o que queremos que prevalece, mas sim o que Deus quer. Haverá sempre uma explicação para tudo nesta vida, basta confiar no tempo de Deus, e não no nosso tempo. O tempo humano é egoista, é para ontem, entende?

Não sou a pessoa forte que pensava ser, sou frágil, pequena, como tantos, só somos mães. Mas e daí, se choramos, se somos chatas e etc., somos mulheres que no meio deste mundo machista sobrevive, como mães, esposas com responsabilidades iguais e portanto devem ser repartidas. Não queiram ser uma mártire!  Muitos outros episódios, até meio bizarros, aconteceram, mas que não valem a pena mencioná-los, não fizeram parte do transplante, e se por um acaso voce tiver algum dissabor durante este processo, ainda assim, agradeça a Deus pela oportunidade de ver sua família sorrir, e o mais importante que voce uma dia sinta a plenitude de ter a consciencia tranquila de ter pelo menos tentado, fazer a coisa certa.

Bem, 7 meses após o transplante, tudo vai se encaixando, como se antes estivéssemos na coxia, aguardando tão somente o abrir das cortinas, não para uma platéia, mas para uma vida inteira para viver. Todos nós.

Espero, que no meio deste turbilhão de pensamentos e filmes que passaram pela minha cabeça, eu possa, de alguma forma, ter colaborado em sua busca de achar o equilibrio da distância, dos fantasmas.... Deixe Jesus ir a sua frente... Não é fácil pra ninguém, todas nós choramos, nos desesperamos, não tenha receio, não tenha medo, seja você, seja mãe neste momento, os outros momentos se encaixarão com o tempo.

Olha, não conheço muito de direitos mas a causa é nobre, salvei em 2008, um texto de um blog que se chama se eu não estiver enganada Proza Café, que vale a pena ser inserido aqui:


Se eu tenho uma dor, eu não a abandono, não fujo dela, quero alfabetizá-la, senão ela corrói as outras lembranças, adorna-se do que não é dela, apossa-se das alegrias que a antecederam e das alegrias que estavam por chegar.

Mas há dores analfabetas, arrivistas, que nos mostram o quanto a própria palavra pode ser fútil e desnecessária, o quanto os planos podem nos contrariar, o quanto somos inexplicavelmente insignificantes.
Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Perseverança e Sobrevivência

Pediram-me um texto alegre, porque parecia que estava sempre triste... Não estou. Sou como as demais pessoas, só que socialmente, não apresentam os fantasmas que os cercam.
Escrevo no momento, tristezas e dúvidas de pessoas que sofrem com doenças, com casamentos, com filhos...... além das minhas próprias fraquezas e dúvidas......por isso abaixo falo do que me veio a mente, sem correções, tal como nasceu.
A perseverança e a sobrevivência estão para a vida , assim como a vida sem  iniciativa e a conquista de ambas, acabam por perder verdadeiros significados durante nossa existência. É também estarmos firmes, constantes naquilo que almejamos ou acreditamos, seja num sentimento ou na vida profissional. Sempre haverá dificuldades, mas só conheceremos os êxitos se nunca desistirmos de nossos sonhos ou objetivos.
A sobrevivência é o auto-subsistir. E se autorizarmos que ocorra uma  dissolução de tudo que acreditamos, deixaremos automaticamente de existir, por isso a necessidade da quebra de bloqueios, da quebra de qualquer preconceito, de esquecer o negativismo e focar em resultados positivos. Por isso pela sobrevivência há de se perseverar.
O problema é que quando levamos o aprendizado para  prática, descobrimos que  a teoria nem sempre é possível de ser aplicada. Todos sabem que sonhos e objetivos são a essência que nos impulsiona a continuar. Porém, o dia a dia, vai quebrando partículas ínfimas que nem percebemos. E quando acordamos já não são partículas, são cacos que já não são possíveis, se não houver lutas,  de serem restaurados. Nesta hora é que nos conhecemos melhor, e ao outro também. Se nascer daqui forças para renascer, recriar, e conseguir enxergar um ponto de luz, e assim encontrar forças para alcançá-lo, então sim, estarão conhecendo o nosso valor.
A restauração,   ela não é indolor e muito menos cor de rosa, ela simplesmente, deve ser primeiramente para a cura da alma, quieto, até que o amor a Deus, o amor próprio e o amor de sua família, faça fluir em nós a força  para dar o primeiro passo, e assim será, um dia de cada vez, e se necessário recomeçar, que o faça, a cada manha, a cada necessidade, ate que um dia possamos ver que neste passo a passo, deixamos pelo caminho sementes que nos alimentarão, já com frutos num futuro. O tempo deste futuro será determinado pela nossa força, pela nossa coragem de olhar para o mundo de cabeça erguida, sem temer. 
Se assim nos comportarmos não estaremos só sobrevivendo, mas sim vivendo, e desfrutando do belo que a vida nos apresenta. 
Perseverar é adequar ao que nos é apresentado, se alguma coisa der errada, tomaremos como aprendizado, como oportunidade de crescer, sem medo de ser feliz, pois para tomar posse da felicidade há de termos competência com avaliações criteriosas da nossa própria vida e dos que nos cercam. 
Ao contrário do que muita gente diz que para ser feliz basta sorrir, felicidade é um estado de espírito, portanto devemos dele tomar conta, não deixar que adoeça, pelo contrário, ela é trabalhada através das escolhas, às vezes é preciso primeiro chorar, para depois sorrir, e não temos como fugir, e se querem ser felizes, todos nós devemos diariamente exercitar em ver o que de positivo há no outro, e neste exercício, sem dúvida há de sermos felizes sempre. Não é um exercício fácil, quando a alma requer cuidados, mas é sem dúvida salutar, é a perseverança a uma sobrevivência feliz.

sábado, 8 de janeiro de 2011

A fidelidade de Deus em nossas vidas


Às vezes, sinto-me tao angustiada, tão pobremente triste, que tenho vergonha de Deus pela minha fraqueza.

Marininha em Curitiba
Como qualquer outra pessoa neste mundo tenho momentos introspectivos ou eufóricos. Porem dos momentos introspectivos saimos na maioria das vezes, mais fortes e mais confiantes e dos eufóricos, às vezes mais tristes, pois quando estamos sem o equilibrio entre estas duas dimensões, deixamos de ver e sentir verdadeiramente o sentido da vida, deixamos de olhar para a frente, para o futuro.
 Isto tudo é muito engraçado, pois conseguimos ver com clareza este desequilibrio, mas se não estamos embasados no amor de Deus, na fé, e nos objetivos futuros, acabamos por perder o presente.

Fazenda, cachorros, a minha paz e não sabia
Então  pergunto-me, se  falta-me  Deus, e imediatamente me vem a resposta: NÃO, sou eu que me distancio DELE. ELE está ali, no mesmo lugar, aguardando, e sempre de braços abertos.
E o que me faz aconchegar em SEUS braços, o que me da paz, o que me dá ânimo a seguir meu caminho, é antes de tudo ESTES braços abertos, que estão sempre dizendo: minha filha ESTOU aqui!
E depois minha família, a alegria deles, a concretização de seus sonhos; é vê-los formarem uma nova família. É serem felizes, é ve-los sonhar, é ver e sentir que a vida continua. Isso e belo.

Minha família
Se olho para o ano que passou, dou graças a Deus por ja ter começado um outro ano, mas ao mesmo tempo dou ainda mais graças a Deus por ele ter existido. Pois da essência de alguns sofrimentos  experimentados, e apesar deles, Deus estendeu a mão, o tapete para a felicidade.
Se tive medo de deixar minha familia numa picada de cobra, Deus me mostrou que na verdade, eu quero viver, se tive medo de perder meu marido num acidente, isto me fez dar mais valor nos momentos que estavamos juntos, se tive medo por anos de um transplante, Deus me deu o milagre da vida, se tive decepções profundas, Deus me deu forças, me deu ombros. ELE é fiel.



Portanto meus amigos, quando tudo parecer errado, acredite, é Deus quem está te ensinando a crescer. É o que estou aprendendo neste momento!



Volta de Curitiba para Uberlândia
Hoje, por circunstâncias naturais da vida, perdi um pouco o equilibrio, mas não quero pensar em fraquezas, pois sei que vou encontrá-lo e se falo aqui publicamente, é porque acredito que neste mesmo momento, outras pessoas podem estar confusas, portanto não estão sozinhas, existem muitas outras, tenho certeza, e todos nós temos a Fidelidade de um Deus poderoso.

Minha mãe
Hoje, neste momento estou num equilibrio gostoso, harmonioso e quero compartilhar com voces. Vejam bem, estou agradecendo a Deus pelo ano de 2010 pela primeira vez. Neste momento de paz, num equilibrio manso, na retidão de Deus, visualizei que Deus me deu só coisas boas no ano que passou, as ruins ja passaram. Sinto que ELE só retirou um pouco do joio, do trigo que pode ser a  vida de todos nós.

Não direi mais nada, pois com toda certeza, imagens falam mais que palavras em nossas vidas.
Casamento Douglas e Karen
É por voces minhas tres princesas, por  voce meu marido amado, e pelos dois filhos que ganhei, e por amor a Deus, tenho certeza que começo desde já a sorrir, junto com voces. E foram  imagens como estas que me levaram a compartilhar tudo isso!

Obrigada a Deus por 2010 e que abençoado seja 2011!





Noivado Otávio e Kelly

Minhas Princesas