sábado, 1 de outubro de 2011

Nuances em Nossas Mudanças


Desde maio de 2010, tenho observado muito,  tudo a minha volta. Revendo minhas fotos percebi quantos detalhes foram clicados, em frutas, flores, meus cachorros, minha família, a natureza, lindos arco-iris…

Pergunto-me hoje se já não seria um prenúncio de tantos acontecimentos que estavam por vir. O engraçado que não são momentos tristes e ou tempestades pessoais que mudamos, as transformações também acontecem no riso, na emoção de estar feliz…
Mudamos todos os dias um pouquinho, como se Deus estivesse nos dando a oportunidade de aprender a conduzir nosso livre arbítrio.
Mudanças nos obriga a crescer, nos desafia, principalmente a desmistificar ilusões a respeito de nós mesmos e dos outros. Seria este o princípio de uma consciência maior de tudo que nos cercam? Acho que sim, por isso a idade favorece as mudanças, porém antes da idade há o principal, que é a aceitação de todas as mudanças que somos obrigados a descamuflar de nós mesmos.
No princípio o que ocorre a nossa volta parece ameaçador, ficamos atônitos, como navegando por águas turbulentas. Mas se mudarmos o ângulo com que estamos encarando determinada situação, perceberemos que as perspectivas também mudam, e o bom de tudo isso, é que enquanto batalhamos para atingir “águas calmas” poderemos, quando quiser mudar o curso, a ótica, o ângulo.  E nesta luta de se encontrar vão ocorrendo as mudanças, e talvez esteja aqui o segredo, o de realmente aceitar todas elas, negativas ou positivas.
Nossas principais alterações ocorrem geralmente quando começamos a entrar em contato com o mundo, ou seja, fora do casulo familiar, na escola, nas primeiras festas, no namoro, profissão, casamento, mudança na vida profissional, casamento dos filhos, netos, morte de um ente querido e assim por diante, ou seja, ao longo de nossas vida somos forçados a mudar de etapas, de ciclos essenciais a continuação da própria vida.
E se não mudamos, ficamos para trás, ultrapassados, ou até mesmo rancorosos, tristes e deprimidos. Mudar não é só essencial é fundamental.
Talvez a estabilidade, o comodismo nos impeça de mudarmos na hora certa, mas para a maioria dos fatos, nunca é tarde, às vezes temos que ouvir aquela voz que vem de dentro dizendo, mude! mude!!; toda transformação deve ocorrer de dentro para fora. Devemos quebrar rotinas e olhar novos horizontes. Somos, a princípio e  abaixo de Deus, o desbravador de nossos caminhos. Mudar por necessidade pode ser muito mais dramático do que por “querer”, “fazer acontecer”.
Nós mulheres, mais que os homens passamos por transformações bem maiores que as masculinas, e ainda assim somos consideradas sexo frágil. Nunca concordei com isto, pois a mulher bem cedo tem que encarar uma transformação hormonal, assim como os homens, porém com dor, sangue… Quem não se lembra da primeira menstruação  e de tudo que acontece junto com ela? – inchaço das mamas, retenção de água no corpo, alterações de humor, a famosa TPM, e quantas piadinhas somos obrigadas a ouvir a respeito do tema?
Mudamos, queiramos ou não, todos os dias um pouquinho, passamos pela puberdade, gravidez, adolescência  dos filhos, onde vemos o ciclo de nós mesmos se repetindo, gravidez, menopausa, que fatalmente ocorre quando já não somos mais jovens, trazendo em nosso corpo o cansaço do físico e muitas vezes do psicológico por casamentos desfeitos, por decepções inimagináveis, enfim, neste vendaval maravilhoso chamado vida, onde a brisa soprou mais que os ventos do norte, é o nosso poder que muitas vezes, é limitado, ao contrário do nosso querer que uma vez liberado de dentro de nós, do nosso âmago, renasce, regurgita vida, mesmo que a princípio nos destroça, mas que ao tempo cabe a purificação, o perdão, a transformação.
E se não bastasse tudo deste mar vivido ou a viver, temos que superar, aprender e conviver com uma revolução extraordinária da tecnologia que amamos e odiamos dependendo do grau  de envolvimento, mas que no entanto não nos vemos mais sem eles, são as mudanças dos novos tempos, é como sair da casa da bisavó direto para a casa do seu neto, perceberemos diferenças até na linguagem. Estamos presenciando uma revolução, é uma nova comunidade. E o não acompanhamento destas mudanças derruba empresas, administradores, é como se todos no mundo atual estivessem além das paredes de concreto todo o instante, é a era da tecnologia da informação. Não existe mais barreiras geográficas. É a era da informação.
Mas até onde podemos  deixar influenciar por tudo isto? Será que estamos preparados para tirar vantagem positiva de tudo isto? Não sei, mas com toda certeza será mais uma mudança com a qual deveremos conviver. É a renovação constante! Porém me preocupa a ausência do simples, de uma vara de pescar, da proximidade do humano, do conviver das famílias.
A Internet acelera toda a informação, não há duvidas quanto a isso, mas os abraços, um roçar de dedos, um vento no cabelo… O simples da vida nos faz humanos, os bits acelera a informação mas não o contato …
Bem, algumas mudanças sem sombra de dúvidas ainda terão que ser melhor processadas dentro de mim. Talvez eu ainda seja muito átomo! Ou talvez na visão do ângulo em que me encontro eu apenas  esteja vendo o sofrimento das águias que por volta dos 50 anos de idade, que precisam de um tempo para transformar. Elas sobem ao alto das montanhas e num sofrimento extremo, arrancam suas penas, seu próprio bico, unhas num processo obstinado de sobrevivência, e só quando estão prontas, após meses, descem  para recomeçar.
Se assim for, haverá outros ângulos para que tudo aconteça mais rápido, afinal, estamos na era digital, que infelizmente  não chegará até nossa águia, mas que em compensação, como ela  poderemos  voar e seguir o curso de nossas vidas.
Enfim, tenho certeza de uma coisa, escrever é ótimo
Se sofremos tantas decepções, no curso de nossas vidas com trabalho, amigos etc., recebemos também em contra partida a felicidade de  uma vida plena, de alegrias incontidas no sorriso dos filhos, no afeto da família, de uma boa música, de ter e poder ver  em cada rosto amado o gesto certo da confiança em si mesmos, da continuidade da vida, que é a esperança que move cada pedacinho de todos nós.

 Se no momento travo uma luta constante em ângulos e óticas diferentes,  tenho a consciência que se eu não aceitar todas as mudanças e com elas me atualizar, de nada terá valido ter esta consciência, é preciso que trabalhe, que transforme minhas mudanças como num processo de transmutação de lagarta,  inseto alado, como no caso das borboletas.  Este é o início de minha metamorfose! E em todo este processo, contínuo, humano, sigo em frente, completa e fiel a valores que me foram ensinados e dos quais tive a felicidade de não desviar. Por tudo isso continuo e farei sempre a apologia da família, ela é a nossa base, nosso esteio, é a nossa coragem, nossa força.  Não importa os erros de todas as famílias, pois tenho certeza, tentaram, importam os acertos e assim seguimos em nossas mais diferentes nuances do legado chamado Vida, da qual  faz parte nossas mudanças, nossas transformações. A toda minha família, à  paciência deles, principalmente marido e filhos, o meu muito obrigado por fazerem parte de tudo isso. E agora, que vocês três, filhas amadas já tem suas próprias famílias, retomo,  uma vida a dois.  Eh!!! acreditem! Uma vida a dois! ou a oito?!


Beijos



Depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro.

(Caio Fernando Abreu)