sábado, 10 de dezembro de 2016

Margaret Humphreys

Hoje tive o prazer de conhecer uma mulher, ainda que pelas redes sociais, extraordinária, brilhante e com uma capacidade de doação em função do outro que raramente vemos neste mundo.

Ela é a fundadora do "Child Migrants Trust".

Uma Assistente Social que acaba descobrindo o envio de crianças, após a 2a. Guerra Mundial, para viver na Austrália com outra identidade e sem nenhuma informação sobre suas verdadeiras famílias.
O motivo que levou o Governo Britânico foi simplesmente o custo de manutenção dessas crianças em orfanatos e outros.
Estas crianças eram deixadas na responsabilidade do governo dada a pobreza instalada no pós-guerra. Quando as mães iam buscá-las já não encontravam mais. Aos filhos na faixa de 4 a 14 anos a informação era que seus pais haviam morrido e que eles teriam novas chances com novas famílias e etc. Mas não foi isso que aconteceu, a maioria, geralmente os mais fortes foram mantidos em trabalhos forçados durante quase toda uma vida. Muitas delas ainda vivem e através desta Assistente Social  Margaret Humphreys, reencontram seus pais e outros que só podem visitar seus túmulos.
Esta mulher com o apoio do marido lutou e luta para este reencontro familiar. Teve no inicio pouco ou nenhum apoio de qualquer governo. (Vale a pena se inspirar na sua estória e fazer um pouquinho também)

Infelizmente, tudo isto tem precedentes.

" Segundo fonte da BBC A Grã-Bretanha é o único páis com um histórico prolongado de imigraçao infantil - foram mais de 5 séculos
- Em 1618, 100 crianças foram enviadas de Londres para Richmond, na Virgínia, EUA
- Um total de 130 mil foram enviadas para o Canadá, Nova Zelândia, África do Sul, Zimbábue (antiga Rodésia) e Austrália
- No pós-guerra, 7 mil foram enviadas para a Austrália e 1.300 para a Nova Zelândia, Rodésia e Canadá."

Ainda assim, 

"Enquanto a Austrália se desculpa por 4 décadas de maus tratos em orfanatos,  no Reino Unido, escolas, creches, centros de saúde, hospitais e todo o tipo de profissionais que trabalhem com crianças são obrigados a seguir protocolos rígidos: as regras sobre o que denunciar estão bem definidas, muitas vezes em papéis afixados nas paredes. Ao mínimo sinal de alarme, são chamados os serviços sociais locais." (Fonte: Visão.sapo.pt)

De qualquer forma a estória desta mulher me faz acreditar em pessoas generosas, grandiosas, nobres, enfim,   magnânimas.

Gostei e compartilho.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Envelhecendo geral

O ser humano basicamente se divide em 3 categorias: os pessimistas que já dizem bom dia contando alguma tragédia;  o sensato que sabe não somos "tudo isso" mas aceita e aprende a gostar do outro como é; o excessivamente otimista que acredita nas telenovelas da vida. E eu que com toda certeza me enquadro nas três. 
Quando jovem jamais imaginaria que fosse dar gargalhadas de algumas tragédias, não shakespeariano, mas domésticas mesmo. Sabia ou tinha ideia que o tempo poderia devastar a família, meu trabalho e claro meu corpo, mas jamais me imaginei abrindo a porta de uma geladeira e literalmente sair com ela na mão ou mais especificamente sobre os pés.
Na juventude ouvi conselhos diversos, de  Salomão (Eclesiastes 12) a outros bem mais diretos tipo:  cria juízo, pense no futuro...
Bem, esqueceram de me dizer que junto comigo tudo envelheceria rsrs. Os móveis, os eletrodomésticos por exemplo. Telefone tínhamos um ha mais de 20 anos e nos últimos 10 anos  já troquei de celular bem mais que gostaria.
Eh! realmente isto eh sério. Preciso compartilhar.
Pois eh jovens, além de tudo que vocês precisam estar preparados para o futuro lembrem-se, os moveis e eletrodomésticos também envelhecem. (Esta frase vai ganhar o premio Jabuti).
Nos últimos meses, acontecimentos como estes me fizeram  pensar e refletir.
Tenham uma casa, um carro, faça muitas viagens, inúmeras, trabalhe muito mas economizem para uma mudança radical aos 50 ou 60 anos. Os móveis! 
Você vai precisar trocá-los. Mas tem uma parte boa nisto tudo. Vai perceber que eles não precisam ser tão grandes então poderá economizar um pouquinho.
Recado dado. Agora é com vocês. Na juventude serão aprendizes, na maturidade... vão continuar aprendendo.
Viva a la vida.






segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Obscuridade do Luto


Luto

Quando nunca passamos por ele sempre pensamos que o outro exagera, que não é preciso externar sempre e etc.
Estão todos enganados. E com toda sinceridade não apreciada por muitos, digo que é pior do que se ouve.
Concordo que nenhum ser humano pode fazer do outro um "ouvir" lamentações para sempre. Mas às vezes é preciso parar sim e ouvir, simplesmente ouvir, ou simplesmente dar o ombro para que se possa chorar confortavelmente. Este ombro às vezes só significa respeito ou simplesmente silencio.
Após 2 anos sem minha filha, e após conviver virtualmente com outras pessoas  pude perceber que não vivi meu luto quando "seria normal" (lol)
Não percebi que Karen estava indo embora. Acreditava fielmente que ela voltaria para nós.
Sempre chegava à UTI eles me deixavam entrar. Só que na noite anterior eles me pediram pra chegar após o banho que era às 08h00.
As 7h20 aproximadamente estava sentada à porta do UTI, vi enfermeiros saindo e entrando e ninguém me cumprimentava, mal me olhavam...depois chegou a chefe dos transplantes e sentou-se ao meu lado e disse que as coisas la dentro não estavam boas. Neste momento já não conseguia mais pensar com clareza. Lembro-me que só pensava em ser forte para ajudar minhas outras filhas meu genro, meu marido e não pensei em mim, não pensei mesmo, porém só achava que ia ser muito mais difícil, a verdade,  eu negava. Pensamentos vinham eu batia na minha boca três vezes,  como criança,  como se estivesse pecando.
Quando vi a medica que estava responsável por ela diretamente sair do elevador correndo e entrar no UTI, pude ver pânico nos olhos dela. Ela retirou os olhos de mim e da sua chefe sentada ao meu lado...naquele momento me faltaram as pernas mas não conseguia sentar e nem pensar, nisto sai um enfermeiro e pergunto o que estava acontecendo la dentro e ele respondeu só os médicos podem conversar com a senhora... como??? Até o dia anterior eram todos sorridentes comigo... não conseguia acreditar.
Perguntei a medica do meu lado por favor me diz se é o fim... ela só me abraçou...
Não acreditamos até que alguém lhe diz: morreu.
Não desabei, chorei pouco,  porque  naquela hora não sei porque "cargas d'água" eu não existia... tinha um translado...tinha passagens a conseguir pra todo mundo...mudança...carro... família...
Todos foram muito fortes, todos sem exceção...E ajudamos um ao outro em tudo que precisava ser feito.
O que quero dizer com isso não é reviver o que já passou, não é sofrer duas vezes... É que neste momento a tecla foda-se tem que funcionar e nem que você precise entrar num terreno baldio para gritar e tirar a dor um pouco, tem que fazê-lo.  Ensinaram-me tardiamente que o luto tem que ser vivido, chorado, lamentado porque senão as sequelas podem ser irreversíveis .
Pelo menos na minha família ninguém conversa no assunto, fica cada um com sua dor e não entendem que gosto e sinto bem vendo fotos, filmes, adoro... teve um momento que estava quase pensando que era ruim mesmo... joguei a água do balde fora, choro quando quiser, olho fotos e vejo filmes quando quiser, e paralelamente vou fazer o tratamento que tanto querem que eu faça.
As mães enlutadas tem umas coisas meio loucas, que só uma outra mãe entenderia. Já conversei com dezenas delas e percebi que as que desabaram logo de início tem mais facilidade (lol) em continuar.
Aliás continuar é uma das coisas mais difíceis que existe. Até tirar uma foto fica difícil. No aniversario da minha neta foi quase normal, mas umas fotos de família que tiramos no final do ano passado foram extremamente difíceis. 
E estas mães que choraram sobre seus filhos estão melhores que as que por um motivo  ou outro foram  ou tiveram que ser fortes, se é que se pode dizer isso forte?!
As ações e  reações de cada indivíduo difere de um para outro quase que sempre, porém entre as mães enlutadas há sempre um ponto em comum.
Neste mês conversando com uma mãe no cemitério ela me disse que tinha vontade abrir e pegar um pedacinho para ela....e ela me perguntou será que é normal meu Deus, eu disse sim.  Só uma outra mãe entenderia isso...quantas vezes pensei isso e NUNCA tive a coragem de dizer.
Portanto se me virem chorando continue andando porque é o que vou fazer todas as vezes que meu coração pedir.
Bem isso aqui foi um desabafo para vocês mães, que como eu,  procuram uma paz no coração para continuar seguindo... 

Beijo