quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Sobre o Livro SEM DESPEDIDAS






 

Terminei de ler o  livro  Sem Despedidas de Han Kang.

 Me perdi um pouco e tive que voltar algumas páginas.  Até que entendi que a autora se aprofunda em memórias de uma  violência histórica, que não permitiu aos mortos sequer uma "despedida" adequada, que ainda assombram as gerações atuais.

Ao me dar conta disto. Parei o livro e fui ler sobre  esta tragédia.

Pesquisa da época:

Foi um trágico episódio na ilha de Jeju entre 1948 e 1949, conhecido como o Massacre de Jeju (ou Levante 4.3), ocorreu em um período de grande instabilidade e polarização na Coreia, logo após o fim da ocupação japonesa e o início da Guerra Fria na península.

Os moradores de Jeju foram vítimas de uma repressão brutal por parte das forças governamentais e milícias de direita da Coreia do Sul devido a uma combinação de fatores, que são:

1. O Contexto da Guerra Fria e a Divisão da Coreia

Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a Coreia foi dividida: o Norte ficou sob influência da União Soviética, e o Sul, sob a administração militar dos Estados Unidos (USAMGIK). A ilha de Jeju, no sul, tornou-se um palco da intensa luta anticomunista.

Medo do Comunismo: O governo provisório sul-coreano, liderado por Syngman Rhee e apoiado pelos EUA, via Jeju como um "reduto do comunismo" devido à forte presença do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Sul (esquerda) e ao descontentamento popular.

2. A Faísca da Revolta (3 de Abril de 1948)

O catalisador do massacre foi a reação popular contra a interferência dos EUA e o plano de realizar eleições separadas apenas no Sul, que levaria à divisão permanente da Coreia.

Protestos e Repressão: Em 1º de março de 1947, a polícia atirou contra uma multidão em uma manifestação pela independência, matando civis. A falta de punição aos policiais levou a greves e protestos.

O Início do Levante se deu na madrugada de 3 de abril de 1948, rebeldes armados (ligados ao Partido dos Trabalhadores da Coreia do Sul) atacaram postos policiais, intensificando a violência na ilha.

 3. A Resposta Brutal do Governo Sul-Coreano

O governo sul-coreano (antes e depois da eleição de Syngman Rhee) reagiu ao levante com uma política de terra arrasada, classificando os manifestantes e qualquer simpatizante como "comunistas" ou "simpatizantes do regime norte-coreano".

Repressão em Massa: Policiais, militares e milícias anticomunistas executaram sumariamente dezenas de milhares de moradores. A estimativa é que entre 15.000 e 30.000 pessoas foram mortas – cerca de 10% da população da ilha na época.

Aniquilação Familiar: As forças repressoras executavam não apenas os suspeitos, mas todos os membros de suas famílias, eliminando aldeias inteiras.

"Experiência de Combate": Oficiais dos EUA na época estavam cientes da violência e, segundo relatos, chegaram a ver o levante como uma oportunidade para as forças sul-coreanas ganharem "experiência de combate" contra o comunismo.

O massacre foi, essencialmente, uma operação militar de supressão de dissidentes e de limpeza ideológica, com o objetivo de eliminar qualquer oposição à formação de um Estado sul-coreano alinhado com o Ocidente. O evento foi amplamente negado e silenciado na Coreia do Sul por décadas, sendo retratado como uma "rebelião comunista".

FONTE: IA

Bem, a partir desta pesquisa, reiniciei o livro. E foi maravilhoso. A autora consegue como poucos descrever os traumas que nos afetam por gerações.

Às vezes é difícil descobrir em nossas lembranças o que é realidade e o que é ficção.

E o quanto é doloroso não saber onde estão os corpos dos nossos entes queridos. Nos faz pensar em todos que tiveram filhos desaparecidos ou familiares que não voltaram da guerra. O quão é importante para nossa psique conhecer onde os ossos descansam.

... E tudo começa quando ela viaja para olhar um pássaro; o poder da amizade! Com muita prosa poética! Sem spoilers. Leia o livro. Porque é bom. E conhecer a história, para mim foi importante.


Um comentário:

  1. Eu que a vi nascer, acompanho à distância, vi a angústia de um tratamento e infelizmente a partida. Um fraterno abraço minha querida amiga comadre! Força.

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