Terminei de ler o livro Sem Despedidas de Han
Kang.
Me perdi um pouco e tive que voltar algumas
páginas. Até que entendi que a autora se
aprofunda em memórias de uma violência
histórica, que não permitiu aos mortos sequer uma "despedida"
adequada, que ainda assombram as gerações atuais.
Ao me dar conta disto. Parei o
livro e fui ler sobre esta tragédia.
Pesquisa da época:
Foi um trágico episódio na
ilha de Jeju entre 1948 e 1949, conhecido como o Massacre de Jeju (ou Levante
4.3), ocorreu em um período de grande instabilidade e polarização na Coreia,
logo após o fim da ocupação japonesa e o início da Guerra Fria na península.
Os moradores de Jeju foram
vítimas de uma repressão brutal por parte das forças governamentais e milícias
de direita da Coreia do Sul devido a uma combinação de fatores, que são:
1. O Contexto da Guerra Fria e
a Divisão da Coreia
Com o fim da Segunda Guerra
Mundial em 1945, a Coreia foi dividida: o Norte ficou sob influência da União
Soviética, e o Sul, sob a administração militar dos Estados Unidos (USAMGIK). A
ilha de Jeju, no sul, tornou-se um palco da intensa luta anticomunista.
Medo do Comunismo: O governo
provisório sul-coreano, liderado por Syngman Rhee e apoiado pelos EUA, via Jeju
como um "reduto do comunismo" devido à forte presença do Partido dos
Trabalhadores da Coreia do Sul (esquerda) e ao descontentamento popular.
2. A Faísca da Revolta (3 de
Abril de 1948)
O catalisador do massacre foi
a reação popular contra a interferência dos EUA e o plano de realizar eleições
separadas apenas no Sul, que levaria à divisão permanente da Coreia.
Protestos e Repressão: Em 1º
de março de 1947, a polícia atirou contra uma multidão em uma manifestação pela
independência, matando civis. A falta de punição aos policiais levou a greves e
protestos.
O Início do Levante se deu na
madrugada de 3 de abril de 1948, rebeldes armados (ligados ao Partido dos
Trabalhadores da Coreia do Sul) atacaram postos policiais, intensificando a
violência na ilha.
3. A Resposta Brutal do Governo Sul-Coreano
O governo sul-coreano (antes e
depois da eleição de Syngman Rhee) reagiu ao levante com uma política de terra
arrasada, classificando os manifestantes e qualquer simpatizante como
"comunistas" ou "simpatizantes do regime norte-coreano".
Repressão em Massa: Policiais,
militares e milícias anticomunistas executaram sumariamente dezenas de milhares
de moradores. A estimativa é que entre 15.000 e 30.000 pessoas foram mortas –
cerca de 10% da população da ilha na época.
Aniquilação Familiar: As
forças repressoras executavam não apenas os suspeitos, mas todos os membros de
suas famílias, eliminando aldeias inteiras.
"Experiência de
Combate": Oficiais dos EUA na época estavam cientes da violência e,
segundo relatos, chegaram a ver o levante como uma oportunidade para as forças
sul-coreanas ganharem "experiência de combate" contra o comunismo.
O massacre foi,
essencialmente, uma operação militar de supressão de dissidentes e de limpeza
ideológica, com o objetivo de eliminar qualquer oposição à formação de um
Estado sul-coreano alinhado com o Ocidente. O evento foi amplamente negado e
silenciado na Coreia do Sul por décadas, sendo retratado como uma
"rebelião comunista".
FONTE: IA
Bem, a partir desta pesquisa,
reiniciei o livro. E foi maravilhoso. A autora consegue como poucos descrever
os traumas que nos afetam por gerações.
Às vezes é difícil descobrir em
nossas lembranças o que é realidade e o que é ficção.
E o quanto é doloroso não saber
onde estão os corpos dos nossos entes queridos. Nos faz pensar em todos que
tiveram filhos desaparecidos ou familiares que não voltaram da guerra. O quão é
importante para nossa psique conhecer onde os ossos descansam.
... E tudo começa quando ela
viaja para olhar um pássaro; o poder da amizade! Com muita prosa poética! Sem spoilers.
Leia o livro. Porque é bom. E conhecer a história, para mim foi importante.
Eu que a vi nascer, acompanho à distância, vi a angústia de um tratamento e infelizmente a partida. Um fraterno abraço minha querida amiga comadre! Força.
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