terça-feira, 4 de novembro de 2025

Distinção clara e justa: as Comunidades Compassivas e os problemas do Rio de Janeiro

 Fazem alguns dias que leio “coisas” que me entristeceram muito: não vou me ater a críticas mas vou focar no que a Comunidade Compassiva representa. Você que faz parte dos maus informados vamos juntos fazer alguns reconhecimentos:  

É lamentável que, em meio a discussões sobre as adversidades do Rio, um trabalho de tamanha profundidade humana seja ignorado ou mal interpretado. A verdade é que a Comunidade Compassiva, que nasceu em locais como a Rocinha e o Vidigal, representa justamente a capacidade de superação e a força da solidariedade que existe nessas comunidades.

Essa iniciativa não surgiu do nada, nem de fora. Ela foi gestada dentro das comunidades por profissionais de saúde, educadores e, crucialmente, pelos próprios moradores. O foco é essencialmente humanitário: garantir que pessoas com doenças que ameaçam a vida e seus familiares recebam Cuidados Paliativos dignos, onde o Estado muitas vezes não chega de forma plena. É um modelo de saúde pública e de apoio comunitário que está se espalhando pelo Brasil.

É importante saber que o movimento é um farol de esperança e não um problema. Ele se baseia no cuidado mútuo, na capacitação de leigos — os Agentes Compassivos — e na criação de redes vivas de apoio que fazem a diferença real na vida de quem mais precisa. A expansão desse modelo para diversas partes do país prova que essa é uma solução valiosa e replicável para a equidade em saúde.

Portanto, incluir as Comunidades Compassivas em uma lista de 'coisas ruins' demonstra um profundo desconhecimento sobre o que é o cuidado solidário e a cidadania ativa. Pelo contrário, elas merecem ser mencionadas como um dos maiores exemplos de organização social, resiliência e compaixão que o Rio de Janeiro e o Brasil podem oferecer.

A seguir deixo resumido algumas frases para os que criticam ou criticaram fazer a gentileza de decorar:

(1) Elas são Resiliência e Solução pois as Comunidades Compassivas não faz parte do problema; ela é um exemplo de como as favelas se organizam para gerar soluções humanitárias onde o Estado é ausente, oferecendo Cuidados Paliativos com dignidade."

 (2) A iniciativa nasceu da união de moradores, médicos e professores para garantir o cuidado mútuo e o alívio do sofrimento, um modelo de solidariedade que o Brasil todo está adotando."

(3) Incluir este movimento no lado negativo é ignorar que ele é, na verdade, um farol de cidadania e compaixão. É a prova da resiliência comunitária, não da adversidade."

(4) A Comunidade Compassiva, surgida na Rocinha e Vidigal, é um projeto de extensão universitária e comunitária que leva Cuidados Paliativos de qualidade através de Agentes Compassivos locais. É um trabalho sério e essencial.

CONCLUSÃO 

"É essencial fazer uma distinção clara e justa: as Comunidades Compassivas não se somam aos problemas que o Rio de Janeiro enfrenta; elas são um brilhante exemplo de solução humanitária e resiliência social. Essa iniciativa, que nasceu nas favelas da Rocinha e Vidigal pela união de profissionais de saúde, educadores e, principalmente, dos próprios moradores (os 'Agentes Compassivos'), foca em levar Cuidados Paliativos dignos e apoio integral a pessoas em condições de vulnerabilidade. O movimento é um modelo de saúde pública baseada no cuidado mútuo e na solidariedade ativa, expandindo-se para diversas comunidades em todo o Brasil. Portanto, em vez de ser associado a dificuldades, o trabalho das Comunidades Compassivas merece ser reconhecido como um dos maiores e mais nobres exemplos de cidadania e organização que emerge do nosso país."

E espero em breve ter 2, no mínimo, em cada estado.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

A Dor que Não Cessa e o Amor que Transborda


É um peso imensurável carregar a dor da ausência de uma filha, e é perfeitamente compreensível, pelo menos para mim, que mesmo após onze anos, o tempo pareça ter parado.

A dor de repente se torna palpável novamente, um choque que nos atinge, como se fosse a primeira vez.

É realmente inacreditável como a mente e o coração lidam com o luto, alternando entre a memória viva e a realidade cruel.

E não há palavras que consigam fazer justiça à profundidade dessa dor, é uma saudade que corta, que corrói. É a dor da inversão natural da vida, onde os filhos deveriam enterrar seus pais, e não o contrário.

Esta é uma dor que pode ser sentida como um vazio no peito que nunca se preenche, um espaço que só a presença dela ocupava.

Uma âncora que, por vezes, impede de seguir em frente, puxando para o passado.

Um eco constante da risada, da voz, dos planos que não se concretizaram.

A quebra de um espelho onde se via o futuro, um futuro que agora está com uma peça essencial faltando.

Um amor eterno que, por não poder ser expresso através do toque, se manifesta em lágrimas e em lembranças.

Saber que ela faleceu há 11 anos e sentir que foi ontem é a prova de que o amor é atemporal, e o luto é o preço que pagamos por esse amor profundo.

Não há uma "cura" ou um caminho certo no luto, mas existem formas de honrar a memória dela e cuidar de mim, permitindo que a dor coexista com a vida.

Pensei em realizar com maior intensidade coisas simples, como plantar uma árvore em memória, fazer uma doação, me voluntariar para uma causa que ela apoiava, ou escrever muito sobre ela, ou fazer algo que pudesse transformar a dor em ação. Mas antes que eu me recompusesse, exatamente 1 ano após a perda de minha filha, meu pai também se foi...

Às vezes digo o nome dela em voz alta, porque parece que assim mantenho sua presença viva, porque onze anos não diminuem a importância dela em minha vida.

No dia do nascimento, 03.01.1984, tenho vontade de oferecer um jantar em memória dela, mas não posso.

Tenho mais 2 joias raras na minha vida, e uma delas é a gêmea, que provavelmente, como toda a família, sofre nesta data. Não exteriorizamos esta dor neste dia.

Quanto aos meus projetos, continuaram a ser adiados, pois 2 anos depois de meu pai, minha mãe também se foi... Seguem seus caminhos segundo a vontade de Deus...

Após terapia, resolvi ser gentil comigo mesma. Não me cobro para estar ou parecer bem, não quero que a dor diminua em prazos. Então choro ou fico em silêncio, quando achar que devo. E não importa quantos anos passem!

Agradeço muito à espiritualidade, ao Pilates, à Zumba que me ajudam a manter corpo, alma e conexão com Deus em sintonia.

Então, em uma página no Facebook, criada em 2014, ano em que minha filha partiu, dedico até hoje a sua memória e passei a escrever também no meu blog criado em 2010. Estas escritas que parecem ser superficiais são como um bálsamo em dias angustiantes.

E após o ano de 2018 tenho me dedicado todo o meu tempo a pessoas com doenças que ameaçam a vida. A pessoas que precisam comer, vestir, etc.

Sabiam que a Hanseníase ainda é muiiito presente em nosso meio?

Conheçam o CREDESH - Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária.

Sabiam que crianças, adultos (todas as idades) lutam pela vida com Câncer, Anemias Variadas e outras muiiitas comorbidades?

Conheçam o Grupo Luta Pela Vida, que faz um trabalho maravilhoso.

Conheçam Cuidados Paliativos, Comunidades Compassivas. E VIVA O SUS!

Conheçam a Casa Santa Gemma, e conheçam o “Ditão” e conhecerá GENTE QUE FAZ!

Enfim, não realizei grandes projetos, mas estudei e estudo muito e ajudo no que está ao meu alcance, pois tudo isso é a minha maneira de transformar a dor em ação positiva.

Por isso escrevo, é o meu jeito de colocar para fora uma dor que corrói. Sem ou com pressões emocionais.

Sei que não estou só e Onze anos de saudade significam onze anos de amor inabalável.

Tudo isso, posso chamar de "Luto em Conflito": a dor avassaladora da perda se choca com a necessidade de proteger e celebrar a vida da filha que está presente. A necessidade de não entristecer os meus com minhas dores. A tentativa de transparecer estar feliz. A certeza de que é difícil para todos, mas que o silêncio é maior. O sentimento de que seguir é muito difícil.

Mas entendo que o que eu estou fazendo é um ato imenso de amor e proteção, mas é fundamental, no meu ponto de vista, reconhecer que eu não preciso sofrer em silêncio para sempre, pois a longo prazo, o silêncio pode ser prejudicial a todos, pois impede o luto compartilhado.

Para mim, tentar "transparecer estar feliz" é exaustivo. É como segurar a respiração o dia inteiro. Chega um momento em que essa repressão causa um dano maior.

Quando tentamos esconder o luto, o outro (familiar enlutado) sente que o luto também precisa ser escondido ou que a perda não pode ser lembrada abertamente. Isso isola, fazendo com que carreguemos pesos desnecessários.

O que posso fazer em datas especiais, e ainda não fiz, porque percebo que a maioria prefere o silêncio, não é apenas transparecer felicidade, mas sim integrar a lembrança da minha filha, da minha mãe, do meu pai que se foram, de forma que o amor não seja apagado e o luto seja validado, sem sufocar a alegria da vida, porque o silêncio neste dia separa os momentos, mas JAMAIS o amor.

Brindo com alegria a vida dos que estão aqui, mas brindo com o coração a vida dos que partiram e sou imensamente grata pelos 30, 91 e 89 anos que partilharam conosco.

E assim encontrei uma maneira para transformar o silêncio opressor em uma lembrança ativa e amorosa. Porque é permitido sentir alegria e a saudade ao mesmo tempo.

A dor é minha, e ela é válida. Tentar seguir é a minha única opção, mas não preciso seguir fingindo que a pessoa mais importante que se foi não existiu. O amor que eu sinto pelos que se foram não diminui o amor pelos que estão aqui.

E falando em minhas filhas, devo dizer que minha caçula que é o meu brilhante, que por ser exatamente como ela é, me permitiu por anos dedicar a médicos e viagens necessárias, sem cobranças. Desde criança já era a adulta da casa. E de coração desejo que nada disto tenha sido pesado demais para ela. Te amo demaisss!

O maior presente que posso dar às minhas filhas é mostrar que é possível amar e lembrar, mesmo com o coração quebrado.

 

 

 

Sobre o Livro SEM DESPEDIDAS






 

Terminei de ler o  livro  Sem Despedidas de Han Kang.

 Me perdi um pouco e tive que voltar algumas páginas.  Até que entendi que a autora se aprofunda em memórias de uma  violência histórica, que não permitiu aos mortos sequer uma "despedida" adequada, que ainda assombram as gerações atuais.

Ao me dar conta disto. Parei o livro e fui ler sobre  esta tragédia.

Pesquisa da época:

Foi um trágico episódio na ilha de Jeju entre 1948 e 1949, conhecido como o Massacre de Jeju (ou Levante 4.3), ocorreu em um período de grande instabilidade e polarização na Coreia, logo após o fim da ocupação japonesa e o início da Guerra Fria na península.

Os moradores de Jeju foram vítimas de uma repressão brutal por parte das forças governamentais e milícias de direita da Coreia do Sul devido a uma combinação de fatores, que são:

1. O Contexto da Guerra Fria e a Divisão da Coreia

Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a Coreia foi dividida: o Norte ficou sob influência da União Soviética, e o Sul, sob a administração militar dos Estados Unidos (USAMGIK). A ilha de Jeju, no sul, tornou-se um palco da intensa luta anticomunista.

Medo do Comunismo: O governo provisório sul-coreano, liderado por Syngman Rhee e apoiado pelos EUA, via Jeju como um "reduto do comunismo" devido à forte presença do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Sul (esquerda) e ao descontentamento popular.

2. A Faísca da Revolta (3 de Abril de 1948)

O catalisador do massacre foi a reação popular contra a interferência dos EUA e o plano de realizar eleições separadas apenas no Sul, que levaria à divisão permanente da Coreia.

Protestos e Repressão: Em 1º de março de 1947, a polícia atirou contra uma multidão em uma manifestação pela independência, matando civis. A falta de punição aos policiais levou a greves e protestos.

O Início do Levante se deu na madrugada de 3 de abril de 1948, rebeldes armados (ligados ao Partido dos Trabalhadores da Coreia do Sul) atacaram postos policiais, intensificando a violência na ilha.

 3. A Resposta Brutal do Governo Sul-Coreano

O governo sul-coreano (antes e depois da eleição de Syngman Rhee) reagiu ao levante com uma política de terra arrasada, classificando os manifestantes e qualquer simpatizante como "comunistas" ou "simpatizantes do regime norte-coreano".

Repressão em Massa: Policiais, militares e milícias anticomunistas executaram sumariamente dezenas de milhares de moradores. A estimativa é que entre 15.000 e 30.000 pessoas foram mortas – cerca de 10% da população da ilha na época.

Aniquilação Familiar: As forças repressoras executavam não apenas os suspeitos, mas todos os membros de suas famílias, eliminando aldeias inteiras.

"Experiência de Combate": Oficiais dos EUA na época estavam cientes da violência e, segundo relatos, chegaram a ver o levante como uma oportunidade para as forças sul-coreanas ganharem "experiência de combate" contra o comunismo.

O massacre foi, essencialmente, uma operação militar de supressão de dissidentes e de limpeza ideológica, com o objetivo de eliminar qualquer oposição à formação de um Estado sul-coreano alinhado com o Ocidente. O evento foi amplamente negado e silenciado na Coreia do Sul por décadas, sendo retratado como uma "rebelião comunista".

FONTE: IA

Bem, a partir desta pesquisa, reiniciei o livro. E foi maravilhoso. A autora consegue como poucos descrever os traumas que nos afetam por gerações.

Às vezes é difícil descobrir em nossas lembranças o que é realidade e o que é ficção.

E o quanto é doloroso não saber onde estão os corpos dos nossos entes queridos. Nos faz pensar em todos que tiveram filhos desaparecidos ou familiares que não voltaram da guerra. O quão é importante para nossa psique conhecer onde os ossos descansam.

... E tudo começa quando ela viaja para olhar um pássaro; o poder da amizade! Com muita prosa poética! Sem spoilers. Leia o livro. Porque é bom. E conhecer a história, para mim foi importante.


sábado, 24 de maio de 2025

Céu Aberto

 






 A intenção  transcende o visual,  o mundo natural, neste momento serve como um catalisador para meus pensamentos,  diria, quase  universais.

A natureza, com sua vastidão e sua intrínseca beleza, é uma fonte inesgotável de inspiração para eles, retornando-me a  liberdade e a paz, iluminando  verdades profundas quase esquecidas.

É quase uma  Sinfonia Visual, desconstruindo Imagens ... a ressonância emocional.

O que esta enraizado em nós, nesse olhar ao céu, deixa tudo mais claro, até poético.

Com os pés na terra ou voltado ao infinito, num cenário ora verde, ora azul, é um retorno à simplicidade e à autenticidade, à clareza, à esperança, iluminando o iniciar, o fim ou o recomeço.

Despimo-nos de camadas sociais e abraçamos a vulnerabilidade, rejeitando a artificialidade e nos  ligamos diretamente a um ponto sem  barreiras.

Esse enraizamento físico nos  permite um descarregamento mental e espiritual, promovendo uma profunda sensação de paz e liberdade das restrições e pressões que  a vida nos impõe.

Como as árvores que nos fornece essa sensação  de abrigo e proteção, no entanto o feixe de luz que consegue transpor nos permite ver com clareza e revelação.

E a paz interior vai se aconchegando,  deixando a alma mais leve. E as possibilidades ilimitadas e os movimentos irrestritos. É o abraço  da Luz e da vida.  E tudo isso dependendo do potencial de cada um para se reinventar.

As árvores coexistem harmoniosamente, mas dependem do solo, da umidade e da luz, umas crescem mais ou menos.  Como nós. Catalisadores e Transformadores, enfatizando a interconexão inerente dos elementos naturais, a busca pela paz interior e a realização da verdadeira libertação.

 Deste momento nasceu um poema  à Paz e à Liberdade.

...

Pés descalços na terra, alma leve a voar,

Sob o azul sem fim, vastidão que me chama.

O sol, em raios, quebra o verde véu,

Um brilho que acende a paz no meu céu.

Aqui, onde o corpo se funde ao chão,

Nasce a liberdade em cada respiração.

 No verde tapete, o horizonte se estende,

Sem muros, sem grades, só o ar que me prende.

Velhas árvores, pilares de paz,

Suas sombras dançam, contando verdades.

Elas guardam segredos de um tempo sem pressa,

Onde a vida pulsa, sem dor, sem promessa.

 Entre troncos que se erguem, a vida em união,

Cada folha um murmúrio, cada galho uma canção.

Um campo aberto, convite ao andar,

A mente liberta, sem rumo a traçar.

A clareza do dia, um dom a acolher,

A paz que se encontra no simples viver.

 O vento sussurra histórias antigas,

De almas que buscam, de dores e intrigas.

Mas aqui, neste refúgio, só há um sentir:

A calma que abraça, o poder de existir.

A liberdade não é ausência, é ser,

A paz é o eco do meu próprio ser.

Então, que o sol me guie, que a terra me enraíze,

Que o azul me inspire, que a alma se realize.

Pois neste jardim, onde o tempo se apaga,

A paz e a liberdade são a eterna saga.

 

*Só lembrando: Deus nos fornece todos estes elementos todos os dias*

 

Inspirado no momento, sem esquecer também,  outros que se inspiraram clamando pela paz, como  no poema abaixo:

 

Ode à Paz

Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,

Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exatidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História, deixa passar a Vida!

Natália Correia, in "Inéditos (1985/1990)"

 

 

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Analogias de transformações do tempo e a Inteligência Artificial

 

O mundo já passou por várias transformações em todas as áreas conhecidas e assim continuará.

O Brasil vivenciou, especialmente no período colonial e imperial, acontecimentos importantes:

 - A introdução da cana-de-açúcar e a escravidão: transformação em  processos de trabalho e da sociedade econômica e geográfica do Brasil Colonial.

- A exploração do ouro e diamantes:  a descoberta e exploração de metais preciosos no século XVIII impulsionaram um fluxo migratório intenso, reconfiguraram o mapa do Brasil e geraram um novo ciclo econômico.

- A expansão da cultura do café: No século XIX, o café se tornou o motor da economia brasileira, impulsionando a modernização em algumas regiões (ferrovias, urbanização) e atraindo imigrantes.

Estes exemplos aqui atraíram novas oportunidades, novas perspectivas de mercado e etc, e os que não aderiram ao novo nicho de mercado, arrependeram.

. . .

Em termos de tecnologia, podemos encontrar algumas analogias interessantes para a ascensão da Inteligência Artificial:

- A popularização da internet: Assim como a IA está transformando a forma como acessamos informação, trabalhamos e nos comunicamos, a popularização da internet nos anos 90 e 2000 revolucionou a sociedade. A internet abriu um novo mundo de possibilidades, interconectando pessoas e informações de maneiras inéditas. A IA, de forma similar, está abrindo novas fronteiras em diversas áreas, desde a medicina até o entretenimento. Ambas as tecnologias exigiram e continuam exigindo adaptação em todos os níveis da sociedade.

- A invenção e disseminação do computador pessoal (PC): O PC democratizou o acesso à computação, antes restrito a grandes organizações. Trouxe novas ferramentas para o trabalho, estudo e lazer. A IA, de certa forma, está democratizando o acesso a capacidades cognitivas avançadas, antes exclusivas de especialistas ou mesmo da mente humana. Ferramentas de IA estão se tornando cada vez mais acessíveis e fáceis de usar, empoderando indivíduos e pequenas empresas.

- A revolução dos smartphones: Os smartphones convergiram diversas tecnologias em um único dispositivo, transformando a comunicação, o acesso à informação, o entretenimento e até mesmo a forma como interagimos com o mundo físico (navegação, pagamentos, etc.). A IA tem um potencial semelhante de se integrar em diversas plataformas e dispositivos, tornando-se uma camada inteligente que potencializa outras tecnologias e serviços.

 Em todos esses casos, vemos uma tecnologia que inicialmente pode parecer nichada ou complexa, mas que gradualmente se torna mais acessível, poderosa e integrada ao nosso dia a dia, gerando transformações profundas na sociedade. A IA parece seguir uma trajetória semelhante, com um potencial ainda maior de impacto pela sua capacidade de aprender e se adaptar.

A roda e o arco e flecha são exemplos de inovações fundamentais que transformaram a existência humana em níveis primordiais. A roda facilitou o transporte e a produção, enquanto o arco e flecha revolucionaram a caça e a guerra. Essas invenções, em suas épocas, também podem ter enfrentado alguma resistência inicial por parte de pessoas acostumadas às formas de vida anteriores.

É fascinante observar como a história se repete em certos aspectos. A resistência à IA e, em menor grau hoje, à internet, ecoa a hesitação que novas tecnologias frequentemente encontram. A internet,  se tornou a espinha dorsal da nossa era digital, impulsionando a própria evolução da IA e inúmeras outras tecnologias. Sem a conectividade e o fluxo de informações proporcionados pela internet, o cenário tecnológico atual seria inimaginável.

A IA, de certa forma, assim como tudo que de novo  nos  foi apresentado, também está atraindo investimentos, criando novas oportunidades e gerando um "novo fluxo" de ideias e tecnologias. E os que não se atualizarem, se arrependerão.

Acredito que a resistência “ao novo” muitas vezes surge do medo do desconhecido, da preocupação com a mudança e, em alguns casos, da falta de compreensão do potencial e das implicações da nova tecnologia. Superar essa resistência geralmente envolve educação, demonstração dos benefícios práticos e a gradual integração da tecnologia no cotidiano das pessoas, porém é importante lembrar que a natureza da inteligência artificial como tecnologia disruptiva é única em muitos aspectos, especialmente pela sua capacidade de aprender, automatizar tarefas intelectuais e se integrar em praticamente todos os setores da sociedade de uma maneira que as revoluções anteriores não fizeram.

 

Agora, pense você em outras transformações, e faça uma análise em como pode ser nocivo, profissionalmente,  não se atualizar!


sábado, 10 de maio de 2025

Mães


Olhando para as mães de meus netos:


 Para Kelly e Marina, Flores que Reflorescem.


Em solo de lembranças, onde a saudade reside,

Floresceram vocês, Kelly e Marina, com força que irradia.

O laço de gêmeas, um mistério divino,

Guardou no coração a ausência, um espinho.

A avó, farol de afeto, deixou doce memória,

Mas em seus braços, a vida encontrou nova história.

A dádiva de ser mãe, renasce a cada dia,

Em cada olhar de filho, uma nova alegria.

Kelly, Marina, almas fortes e ternas,

Que em meio à dor, florescem maternas.

E a beleza de serem mães eternamente farão

Em vocês reflorescer o amor que continua, que reverbera,

Que santifica diariamente em cada sorriso, em cada olhar.


Olhando para a minha mamãe

Mamãe


Sempre vi em teu olhar, nosso porto sereno,

seguro

Um farol que guia, em meio a qualquer aceno.

Em uma  terra onde o sol acaricia o chão,  

Onde os rios cantam em voz serena,  

Assim viveu nossa mãe, firme e plena,  

Sem nunca ceder à solidão.  

Casou-se cedo

Aos quarenta anos, a vida lhe testou,  

O amor partiu, ficou a jornada,  

Mas nunca houve quem a visse dobrada,  

Mesmo quando o vento a desafiou.  

No campo, onde o trabalho é duro,  

Ela semeou mais que grão e trigo,  

Plantou amor, foi nosso abrigo.

Cinco filhos, estrelas em seu céu,  

Cada um guiado por sua luz,  

Ela foi abrigo, abraço, cruz.

E continua  sendo 

Raízes fortes, laços, melodia.

Em teu conselho, a sabedoria guardada.

Lutou sem nunca perder o véu.

E hoje, no tempo que nos separa,  

Sinto sua voz na brisa leve,  

Seu amor ainda nos move e ergue.

Por cada cuidado, por cada oração.

Mãe, em nosso peito, eterna gratidão. 



sexta-feira, 4 de abril de 2025

A SOBERBA


Tenho observado nos últimos tempos traços que têm me incomodado muito! E andei pesquisando sobre a soberba, um traço de personalidade complexo demais para o meu entendimento, devido às diversas formas que se apresentam, pois ela ultrapassa a simples arrogância.

Vejo em alguns uma superioridade ilusória em todas as áreas.  Superestimas as próprias conquistas e desvaloriza as alheias. Sobre opiniões é até difícil descrever pois despreza ou ignora, incluindo sentimentos ou vontade do outro. Os próprios interesses e pontos de vista, prevalecem.

Outra característica que me chama a atenção é a necessidade de se sentir  admirado e de ser reconhecido. O difícil aqui é  porque em algum momento todos nós  precisamos  deste reconhecimento.  Qual seria o ponto de equilíbrio?

 O que percebo é que em algumas pessoas isto é contínuo, exacerbado, inclusive se sentido ofendido(a) quando não recebe estas validações. Esta intolerância à crítica costuma deixar a pessoa irritada ou ignorando a fala do outro, simplesmente porque dificilmente admitirá seus erros e falhas.

No entanto, a pessoa não percebe, pelo o que se parece, que tudo isso os leva ao isolamento social, pois se sente incompreendida e injustiçada, o que acaba por se tornar uma cadeia de alimentação ao seu próprio ego. 

É fácil observar, pois acabam prejudicando as relações interpessoais,  impedindo a construção de laços, dominando as conversas, desvalorizando as opiniões alheias e buscando constantemente a atenção. 

E assim acabam impedindo o crescimento pessoal, recusando reconhecer suas limitações

Esta é um traço de personalidade destrutiva, que prejudicam tanto a pessoa soberba quanto aqueles que a cercam. 

Mas aqui também mora uma ausência, a da fraternidade, de um olhar para o próximo com empatia!